ATA DA SEXAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 25.08.1999.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Elói Guimarães, Gilberto Batista, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Paulo Brum, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Sonia Saraí. Constatada a existência de "qu­o­rum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Sexagésima Primeira Sessão Ordinária e das Atas da Quarta, Quinta e Sexta Sessões Extraordinárias, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, o Projeto de Resolução nº 46/99 (Processo nº 2648/99); pelo Vereador Antônio Losada, o Requerimento nº 190/99 (Processo nº 2719/99 - Requer autorização para representar a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, como palestrante em evento promovido pela Comissão Especial de Habitação da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, a ser realizado hoje, às dezessete horas e trinta minutos); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 134/99 (Processo 2711/99); pelo Vereador Cyro Martini, o Projeto de Resolução nº 45/99 (Processo nº 2632/99); pelo Vereador Elói Guimarães, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 133/99 (Processo nº 2692/99); pelo Vereador Gilberto Batista, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Guilherme Barbosa, o Projeto de Resolução nº 49/99 (Processo nº 2690/99); pelo Vereador João Bosco Vaz, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 05 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, 07 Pedidos de Providências; pelo Vereador Lauro Hagemann, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99 (Processo nº 1181/99); pela Vereadora Sonia Saraí, o Projeto de Lei do Legislativo nº 127/99 (Processo nº 2612/99). Do EXPEDIENTE constaram: Ofício nº 2025/99, da Senhora Dóris Simch Brochado, do Gabinete da Casa Civil da Presidência da República; Comunicado nº 4801/99, da Senhora Mônica Messenberg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. A seguir, o Senhor Presidente registrou a inauguração, ontem, nas dependências deste Legislativo, de exposição de fotos e documentos da luta pela Anistia, integrante da programação do evento “Vinte Anos de Anistia - Conquista do Povo Brasileiro”. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Luiz Carlos Jardim Freitas, Vice-Presidente da Associação Independente das Towners de Comércio Ambulante do Centro de Porto Alegre, que destacou a necessidade de regulamentação das atividades dos vendedores ambulantes de lanches na Cidade, criticando a atuação da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio - SMIC na fiscalização dessas atividades e analisando a legislação atualmente em vigor que rege o trabalho desses vendedores. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Isaac Ainhorn, Eliseu Sabino, Cláudio Sebenelo, Gilberto Batista e Adeli Sell manifestaram-se sobre o assunto abordado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e oito minutos, constatada a existência de “quorum”. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Luis Goulart Filho, Ouvidor da Secretaria da Justiça e da Segurança do Estado do Rio Grande do Sul. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Isaac Ainhorn, adendado pelo Vereador Antônio Losada, solicitando alteração na ordem dos trabalhos e de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, iniciando-se o período do GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do "Dia da Anistia", a ocorrer no dia vinte e oito de agosto, nos termos do Requerimento nº 120/99 (Processo nº 1654/99), de autoria do Vereador Antônio Losada. Compuseram a Mesa: o Vereador Nereu D’Ávila, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Luis Goulart Filho, Ouvidor da Secretaria da Justiça e da Segurança do Estado do Rio Grande do Sul; a Senhora Maria Lília Daleiro, representante do Conselho Estadual de Saúde; o Senhor Antônio Constâncio de Souza; o Senhor Manoel José dos Santos, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Estado do Rio Grande do Sul; o Vereador Adeli Sell, 1º Secretário da Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Antônio Losada prestou sua homenagem ao Dia da Anistia, analisando a conjuntura histórica vigente à época da promulgação da Lei da Anistia e ressaltando ter sido esse diploma legal uma importante conquista das pessoas que lutaram pela liberdade e pela democracia no Brasil durante o período em que o País foi governado por militares. Na oportunidade, o Vereador Guilherme Barbosa cedeu ao Vereador Antônio Losada o tempo a que teria direito no período de Grande Expediente. A Vereadora Helena Bonumá historiou o processo de repressão política vivenciado pela sociedade brasileira durante as décadas de sessenta e setenta, discorrendo sobre as mudanças ocorridas no cenário político brasileiro em decorrência da promulgação da Lei da Anistia e destacando a necessidade de que haja uma reparação, por parte do Estado, às vítimas do regime político vigente na ocasião. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Nilton Souza da Silva, Secretário de Formação da Força Sindical. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Hélio Corbellini, ao referir-se à promulgação da Lei da Anistia, afirmou que a sociedade moderna promoveu uma mudança nos conceitos jurídicos relacionados aos Direitos Humanos e declarou que a defesa desses direitos deve ser realizada por todas as nações que almejam promover a democracia e o pleno exercício dos direitos de cidadania. O Vereador Isaac Ainhorn ressaltou a importância da promulgação da Lei da Anistia para a história política do Brasil, destacando a necessidade de uma reflexão profunda sobre os fatos ocorridos no País durante o governo militar, de modo a evitar a repetição dos erros cometidos no passado. Também, comentou dados relativos ao Movimento da Legalidade, liderado pelo Senhor Leonel Brizola. O Vereador Antonio Hohlfeldt declarou ter sido a Lei da Anistia uma vitória para todos os brasileiros que lutaram pela liberdade de expressão das idéias políticas e pelo estabelecimento de um Estado democrático. Ainda, salientou a necessidade de que as famílias dos ativistas políticos desaparecidos durante governo militar sejam ressarcidas pelo Poder Público. O Vereador Lauro Hagemann discorreu sobre os movimentos populares ocorridos no País em prol da democracia e dos direitos humanos, analisando o conceito de "anistia" e comentando os efeitos da promulgação da Lei da Anistia junto à população brasileira. Também, gizou a importância da participação de todos os segmentos da sociedade na luta pela liberdade de atuação política e partidária. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão atentou para a importância do resgate dos fatos históricos relativos às causas e efeitos da promulgação da Lei da Anistia, homenageando a todos os brasileiros que lutaram pelo estabelecimento de um regime democrático no País e lembrando o drama vivenciado pelos cidadãos que sofreram perseguições políticas durante o governo militar. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Maria Lília Daleiro, que agradeceu o registro hoje efetuado por este Legislativo no referente ao transcurso dos vinte anos da Lei da Anistia. Às dezesseis horas e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quatro minutos, constatada a existência de “quorum”. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Pedro Américo Leal teceu considerações acerca da possibilidade de cancelamento da "Expointer 1999", analisando os problemas agrários existentes no Rio Grande do Sul e criticando acordo firmado entre o Ministério da Agricultura e o Governo do Estado, para a realização de vistorias em propriedades rurais. O Vereador João Dib pronunciou-se sobre dados constantes do Anuário Estatístico de Porto Alegre, editado pelo Gabinete de Planejamento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre - GAPLAN, questionando a admissão de médicos através de cartas-contrato e analisando aspectos referentes à arrecadação tributária na Cidade, em especial quanto ao Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum registrou o transcurso da Semana Nacional do Excepcional, da Quinta Semana Estadual da Pessoa Portadora de Deficiência e da Segunda Semana Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência, ressaltando a importância desses eventos para viabilizar a discussão e a adoção de medidas públicas de apoio aos portadores de deficiências físicas e mentais. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento do Vereador Fernando Záchia, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje. Também, foi apregoado Requerimento do Vereador Elói Guimarães, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia vinte e seis de agosto do corrente. Em continuidade, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea "f" do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador Décio Schauren, que relatou sua participação, a convite da Universidade do Vale dos Sinos - UNISINOS e como representante deste Legislativo, na 17a Viagem de Visitas às Cooperativas do Uruguai e da Argentina, realizada do dia trinta e um de julho ao dia oito de agosto do corrente. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença dos Vereadores Fernando Piluski e Osvaldo Severo, da Câmara Municipal de Santa Maria/RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia analisou as modificações viárias implantadas no Bairro Jardim Botânico em função da construção de ponte no cruzamento da Rua Veador Porto com a Avenida Ipiranga, declarando que tal obra trouxe prejuízos à comunidade local em função da alteração promovida nas rotas dos ônibus que serviam à região. O Vereador Antonio Hohlfeldt referiu-se ao artigo publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta Mercantil, que se reporta a denúncias feitas por pais de alunos da Escola Estadual de 1º e 2º Graus Almirante Bacelar, de distribuição de agendas do Partido dos Trabalhadores a esses alunos, afirmando que atitudes semelhantes representam disputa ideológica proibida pela legislação eleitoral. O Vereador Isaac Ainhorn teceu considerações a respeito da atuação da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC no controle e fiscalização do trânsito em Porto Alegre, declarando que o número de autuações diminuiu após a divulgação de denúncias feitas por fiscais dessa Empresa, de que estariam sendo orientados a promoverem a emissão de mais autos de infração. O Vereador Guilherme Barbosa registrou ter sido agraciado, juntamente com os Vereadores Juarez Pinheiro e Carlos Alberto Garcia, com o título de "Amigo do Exército". Também, discorreu sobre dados atinentes à organização e realização da "Expointer 1999" e manifestou-se acerca dos investimentos realizados pelo Governo do Estado na área da saúde e da assistência social. O Vereador Reginaldo Pujol comentou dados relativos às divergências existentes entre produtores rurais gaúchos e o Governo do Estado, o que estaria levando os agropecuaristas a não participarem da "Expointer 1999". Ainda, externou sua posição contrária à sistemática de atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra - MST. O Vereador João Dib questionou a viagem realizada pelo Senhor Vice-Prefeito Municipal a Brasília, para receber homenagem da Fundação ABRINQ pelos Direitos da Criança. Também, apoiou a inclusão do Torneio Aberto de Golfe Município de Porto Alegre no calendário oficial de eventos da Cidade e criticou a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Municipal. Em continuidade, constatada a existência de “quorum” foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando alteração na ordem dos trabalhos e de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 007/99, considerando-se aceito o Veto Total a ele aposto, por quinze votos SIM, doze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser discutido pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Cyro Martini e José Valdir, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Gilberto Batista, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco, Não os Vereadores Adeli Sell, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia Saraí e tendo optado pela Abstenção o Vereador João Bosco Vaz. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 068/99. Foi aprovado o Requerimento nº 185/99 (Processo nº 2669/99 - Moção de Solidariedade aos funcionários da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC que foram suspensos por denunciarem pressões sofridas para aumentarem o número de multas e guinchamentos), de autoria da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, por dezessete votos SIM e dez votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, João Dib, Hélio Corbellini e Renato Guimarães, em votação nominal solicitada pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Gilberto Batista, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco e Não os Vereadores Adeli Sell, este com Declaração de Voto, Cyro Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Motta, José Valdir, Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia Saraí. Na ocasião, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos, nos termos regimentais. Também, foi apregoada a Subemenda nº 01, de autoria do Vereador Guilherme Barbosa, à Emenda nº 02 aposta ao Projeto de Resolução nº 040/99 (Processo nº 2457/99), e o Senhor Presidente, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Guilherme Barbosa e Luiz Braz, prestou esclarecimentos sobre a utilização de termos anti-regimentais durante as intervenções dos Senhores Vereadores. Ainda, os trabalhos estiveram suspensos das dezoito horas e cinqüenta e quatro minutos às dezoito horas e cinqüenta e cinco minutos e das dezoito horas e cinqüenta e seis minutos às dezoito horas e cinqüenta e sete minutos nos termos regimentais. Foi aprovado o Requerimento nº 191/99 (Processo nº 2749/99 - Requer a possibilidade de que cada Bancada partidária possa subscrever uma única Emenda corretiva ou nova ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/97 durante o período de discussão da matéria), de autoria do Vereador Hélio Corbellini, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Antonio Hohlfeldt. Às dezenove horas, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro e Adeli Sell e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Queremos lembrar a todos que ontem foi instalada, na Câmara de Vereadores, uma exposição comemorativa aos vinte anos da anistia.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

De conformidade com o artigo 100 da Lei Orgânica, nós teremos a Tribuna Popular com a inscrição da Associação Independente das Towners de Comércio Ambulante do Centro de Porto Alegre para tratar da alteração na lei que regula a atividade do comércio ambulante das Towners de cachorro-quente no Centro de Porto Alegre.

O Sr. Luiz Carlos Jardim Freitas, Vice-Presidente da Associação, está com a palavra.

 

O SR. LUIZ CARLOS JARDIM FREITAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, associados, temos a honra e a satisfação de nos dirigir a este Plenário para reivindicar, democraticamente. Estamos sendo vítimas, no Centro de Porto Alegre, da prepotência do atual Governo.

Há mais de dois anos e meio a categoria das Towners vem trabalhando ordeiramente junto à sociedade porto-alegrense.

Durante esses dois anos e meio a categoria vem sendo discriminada, perseguida por uma gestapo vermelha, com a qual nós não concordamos de forma alguma, porque o sofrimento é incrível! Não agüentamos mais! Nós somos porto-alegrenses e queremos ter o direito de trabalhar ali! A SMIC está para nós, hoje, como os bandidos estão para a polícia, eles fazem o que querem conosco, eles nos perseguem, eles nos autuam, fazem verdadeiras barbaridades no Centro. Não somos sacos de pancadas, não concordamos com isso. A Lei nº 3187 regula a atividade dessa categoria há mais de trinta anos, e somos discriminados porque somos Towner, pela modernidade dessa atividade. Por conseguinte, existe a Lei nº 8134, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que regula ordeiramente, que concede toda e qualquer possibilidade de a nossa categoria trabalhar com tranqüilidade no Centro. Pois bem, posterior a isso, não satisfeita, a atual Administração baixou o Decreto nº 12.327, que retira toda e qualquer possibilidade de trabalharmos, ordeiramente, no Centro. Ora, num país onde o desemprego é total, a fome é total, onde é que vamos parar com tudo isso? Nós não vamos sair do Centro de Porto Alegre! Queremos trabalhar ordeiramente. Basta de atitude de “verde”! Não queremos isso, jamais. Queremos trabalhar no Centro, ordeiramente, como outras categorias. Por exemplo - nada contra os companheiros -, os camelôs estão numa atividade clandestina no Centro de Porto Alegre, e a SMIC consente, através de uma licença especial, que eles trabalhem lá. Os artesãos são outra categoria clandestina, que nem lei nem decreto têm, e a SMIC consente. Os sapateiros ganharam o decreto agora, trinta e cinco licenças foram concedidas aos sapateiros, dentro do quadrilátero. Aqui está o decreto deles. E por que não para nós, que vendemos cachorro-quente? Não temos nada contra as outras atividades, mas se a lei vale para uns, tem de valer para os outros. O art. 5º da Constituição é claro, a lei tem de ser igualitária para todos e não só para uns. Será que existe alguma coisa em contrário? Nós não vamos sair do Centro de Porto Alegre, e os Srs. Vereadores, que são os nossos procuradores, têm o dever de nos defender contra essa prepotência e essa arbitrariedade. Não vamos mais agüentar isto. Este Decreto, o 12.327, que regula a atividade, proíbe até mesmo que trabalhemos, ordeiramente, na área azul, que é outra manobra para cobrar do povo. Eles cobram um real para cada duas horas de estacionamento; é a Lei 6002, ou a 6022. Então, nós, como categoria, não vamos concordar com esse Decreto e queremos uma licença, mesmo que seja a título precário, concedida, orientada por este Legislativo. Por esta razão é que nós vimos a esta Casa, a Casa da Democracia. Aqui é o fórum para reivindicar os nossos direitos. Não vamos concordar com a arbitrariedade da atual Administração porque estamos sendo expurgados, somos manipulados pelo Secretário Milton Pantaleão, que é um homem prepotente, sem preparo para atender a categoria, ele atende outras categorias, mas nós, não! Ele nunca atendeu a um convite, só comparece nas reuniões se convocado. Em programas de rádio, em programas de televisão, aqui na Comissão de Constituição e Justiça ele foi convidado e não compareceu. Então, quem tem medo da verdade não comparece. Nós queremos igualdade de tratamento, como ocorre com as outras categorias. Nós somos povo.  No dia vinte e nove de junho a categoria enviou a todos os gabinetes aqui da Câmara de Vereadores, o nosso encaminhamento; nós já estávamos trabalhando nesse Projeto. Para a nossa total felicidade, o Projeto foi acolhido pelo digno Ver. Lauro Hagemann. Tramita nesta Casa um novo Projeto de Lei, para regular democraticamente a nossa atividade no Centro. Não brinquem com o povo! Não agüentamos mais o jugo, “casteísta” e “helenista”; não concordamos com isto, nós somos gaúchos e por sermos gaúchos queremos igualdade, não queremos privilégio; queremos respeito. Amanhã ou depois nossas famílias vão passar trabalho, fome e é o que nós não queremos. E muitos vão pagar por isso. Em campanhas, vão pagar por isso. Fomos perseguidos até mesmo por um executivo, que nos denunciou, na Praça da Encol; fizeram uma blitz e levaram até a camioneta da cidadã, isso não é direito. Em época de eleição, todos nos batem à porta e, hoje, para chegarmos a esta Casa, à Casa do Povo, precisamos andar com o pires na mão. Democracia não é isso. Nós não agüentamos mais a perseguição do PT no Centro de Porto Alegre. Nós vamos fazer carreata, vamos fazer movimentos,  porque não concordamos com esse tratamento. Não adianta nada eu estar com um manancial de leis, porque lei, para a SMIC, não vale nada, eles sempre mandam representantes, eles simplesmente se baseiam no artigo 12, da Lei nº 3.187, que regula e delimita o quadrilátero dentro de Porto Alegre. A própria Lei nº 8.134,  do digno Presidente Nereu D´Ávila, foi pisoteada no jogo do Grêmio com o Independente e do Internacional com o Flamengo, quando eles fizeram uma varredura nas camionetas, fazendo com que fôssemos expurgados do local. A lei não é cumprida, simplesmente eles andam com um pelotão de brigadianos na frente, e a fiscalização da SMIC faz o que quer. O Srs. Vereadores, se  transitarem às 20 ou 21 horas no Centro de Porto Alegre  verão essas barbaridades e, conseqüentemente, mudarão a opinião em relação à atividade das Towners, que é moderna, higiênica, não traz malefício nenhum ao conjunto da sociedade, muito pelo contrário, vendemos a R$ 1,00 e damos gratuitamente um copo de refrigerante a toda pessoa menos aquinhoada. Por essa razão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que nós, democraticamente, chegamos a esta Casa com muito respeito, mas inconformados por sermos  perseguidos, esta é a palavra mais adequada. Aqui está toda a documentação com fotografias, com gravação da “Bandeirantes”; eles não respeitam nada. Peço vênia a V. Exa. e atenção dos Srs. Vereadores, cumprindo religiosamente o Regimento desta Casa, eu pediria que a nossa categoria, em silêncio, se levante, que o Presidente Paulo Nunes se levante e dêem-se as mãos. Através da minha palavra a nossa categoria leva ao conhecimento de V. Exas. o nosso desejo de justiça. Queremos justiça, a partir de hoje, com esta reivindicação ordeira, democrática, que fizemos aqui dentro desta Casa.

Sr. Presidente, muito obrigado por esta grande oportunidade. Srs. Vereadores, muito obrigado pela grande oportunidade que V. Exas. concedem a nossa categoria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Está com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn, pelo tempo regimental de dois minutos, nos termos do art. 206, pelo PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, distinta platéia que comparece a esta Casa nesta tarde. A manifestação desta democrática Tribuna Popular, que acolhe lideranças comunitárias, lideranças profissionais desta Cidade, no início do seu expediente, recebe com satisfação, nesta oportunidade, o Sr. Luiz Carlos Jardim Freitas, Vice-Presidente da Associação Independente das Towners de Comércio Ambulante do Centro de Porto Alegre, e recebe as denúncias trazidas aqui com muita preocupação, de vez que os fatos merecem o exame desta Casa, e mais, que esta Casa, que este Legislativo possa ser intérprete dos sentimentos da comunidade de Porto Alegre e de todos os setores produtivos da Cidade, notadamente dos trabalhadores - e os trabalhadores autônomos que são aqueles que buscaram, através das Vans e Towners, o espaço de trabalho dentro da Cidade, eles merecem o reconhecimento desta Casa. Esta Casa se preocupou e através da iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila, foi proposta uma Lei. Esta Lei foi aprovada por esta Casa. Os fatos que estão sendo trazidos aqui nos preocupam e nós queremos ser o elo, uma fórmula de resolver essas inquietações e esses tipos de acontecimentos que estão ocorrendo no Centro da Cidade. Razão pela qual eu, não só manifesto a nossa solidariedade com esse segmento que esteve aqui, como manifesto a nossa profunda preocupação com o que está acontecendo e estou, neste momento, formulando um Requerimento para que o Presidente desta entidade faça uma comunicação à Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor para que esta Comissão Permanente da Casa instaure um expediente a fim de que, se está na Lei o problema, nós possamos, igualmente, colaborar com a iniciativa até de um projeto de lei, não de um Vereador, mas de uma Comissão Permanente da Casa na busca de equacionar esse impasse. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Eliseu Sabino, pelo PTB.

 

O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós queremos, neste momento, cumprimentar o nosso convidado, Sr. Luiz Carlos Jardim Freitas, que é o Vice-Presidente da Associação Independente das Towners de Comércio Ambulante do Centro de Porto Alegre. Manifestamos uma palavra, agora, em nome da nossa Bancada, a Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, trazendo a nossa grande preocupação com relação às tratativas da organização deste importante comércio que surgiu nos últimos tempos - até alguns têm dito que, desculpem a expressão, que tão grande o comércio que até parece uma praga. Mas eu queria dizer que não é uma praga, são trabalhadores, são senhores, senhoras, pessoas honestas que se preocupam com o seu ganha-pão. Nós, como representantes da comunidade da nossa Cidade, entendemos a preocupação de muitos que investiram, comprando seus carros a longo prazo. E a Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro se manifesta favorável, no sentido de que haja uma legalização para contornar essa situação. Ficamos perplexos com as iniciativas contra os comerciantes, que foram abruptas, e queremos aqui manifestar o nosso apoio às lideranças comunitárias, bem como à iniciativa do Vereador Nereu D’Ávila, que apresenta um Projeto para regulamentação dessa situação. Portanto, Sr. Luiz Carlos Jardim Freitas, Vice-Presidente da Associação Independentes das Towners de Comércio Ambulante do Centro de Porto Alegre, receba o apreço e o carinho do Partido Trabalhista Brasileiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, como membro da Comissão de Constituição e Justiça, tomei conhecimento, através da Associação Independente das Towners de Comércio Ambulante do Centro de Porto Alegre, de que esses comerciantes estariam sofrendo uma pressão muito grande por parte da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio. Ao efetuar a remoção desses comerciantes, a SMIC está criando um problema social de desemprego. Também quero ressaltar o desempenho fantástico dessa Associação, que tem, inclusive, preocupação com o social e muitas vezes alimenta pessoas esfaimadas. Aproveitando a presença do Sr. Luiz Carlos Jardim Freitas, eu faço um Requerimento à Mesa, solicitando que o Sr. Secretário de Indústria e Comércio aqui compareça e para que esta Casa faça a mediação de um problema tão sério, tão importante; e que passe ou pela Comissão de Constituição e Justiça ou pela Mesa da Casa solicitando ao Sr. Secretário a sua presença aqui, tendo a Câmara como mediadora dessa dificuldade pela qual passa a Associação de Towners do Centro. Isso me parece fundamental, Sr. Presidente.

A Mesa poderia solicitar a presença do Sr. Secretário Municipal, ou no Plenário ou na Comissão de Constituição e Justiça, para a qual já foi convidado e não compareceu.

Isso é fundamental. Nós estamos às ordens para sermos mediadores dessa situação.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra, nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, quero saudar o Sr. Luís Carlos Jardim Freitas pela iniciativa de usar esse espaço, muito importante, referente à Tribuna Popular, pois é onde nós, Vereadores, temos a possibilidade de acompanharmos ou recebermos as informações trazidas por V. Sa., as quais, para mim, também causam uma surpresa muito grande.

Primeiro, porque este Vereador aprovou nesta Casa uma lei de autoria do nobre e competente Ver. Nereu D’Ávila. Essa lei, segundo V. Sa. relatou na tribuna, é descumprida pela SMIC, aliás, não só essa lei, mas também um projeto de minha autoria que foi aprovado por unanimidade, relativo aos agentes de bancos de Porto Alegre.

Então, eu também reforço a idéia do Ver. Cláudio Sebenelo, ele como membro da Comissão de Constituição e Justiça, para que possamos, fortalecendo o Requerimento desse Vereador, solicitar que o Sr. Secretário seja ouvido, trazido a esta Casa, junto aos Vereadores, às entidades e todas as outras instituições que, costumeiramente, a Administração Popular invoca, para discutirmos esse assunto e chegarmos a uma solução definitiva.

Agradeço a V. Sa. pela sua presença. Acredito que a sua intervenção foi simples e objetiva, pois alguns Vereadores não tinham conhecimento sobre essa matéria.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:: Com a palavra o Ver. Adeli Sell, pela Bancada do PT.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, proprietários de Towners, temos acompanhado essa discussão desde o momento em que o Ver. Nereu D’Ávila apresentou uma emenda sobre o serviço de comércio ambulante no Centro da Cidade. Esta Câmara apresentou uma série de emendas, discutiu, ouviu o setor várias e várias vezes. Cabe salientar que há três associações de vendedores de cachorro quente, lanches nas Towners na nossa Cidade. Estamos diante de uma demanda de uma questão de uma das associações. E como disse o Ver. João Dib, nós temos leis que devem ser respeitadas. E nós discutimos longamente essa questão.

Esteve nesta Casa a Secretária-Substituta, Sra. Carmem Ribeiro, participei da reunião da Comissão desta Casa no Glênio Peres. Se preciso for, discutiremos outras tantas vezes, nossa Bancada estará presente. Temos flexibilizado a questão dos cem metros, nenhum fiscal briga se é 101, 102 ou 95 metros, porque temos esta sensibilidade. No entanto, há um projeto de revitalização do Centro da Cidade, onde participam inúmeros agentes econômicos. E estamos chegando a bons denominadores comuns e queremos fazer um apelo para que se chegue a um denominador comum, se não é possível colocar as Towners naquelas ruas que a SMIC determinou que não podem ser colocadas, inclusive, a lei prevê a participação da EPTC, da SMT, temos visto a possibilidade de negociar em alguns lugares, algumas ruas de grande fluxo, de negociar nas proximidades, na lateral para que nenhuma pessoa saia prejudicada.

Temos que pensar no conjunto da Cidade, no comércio ambulante, com muita preocupação, no Centro da Cidade, na trafegabilidade, na qualidade de vida da nossa população.

Estamos abertos para continuar o debate, mas existe uma lei. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: As manifestações da Bancadas são, sem dúvida, importantíssimas. Não havendo mais inscrições, agradecemos a presença e a palavra do representante da Associação Independente das Towners de Comércio Ambulante do Centro de Porto Alegre, manifestação veemente e democrática da tribuna da Câmara, cujas manifestações das Bancadas dão a medida de que a Câmara interessou-se pelo assunto, como de resto tem-se interessado por todos os problemas palpitantes de nossa Cidade. Há uma proposta do Ver. Isaac Ainhorn para criação de uma Comissão, que, concretamente, já é uma iniciativa importantíssima da Casa e que poderá viabilizar essa intermediação do Poder Legislativo na questão das Towners no Centro da Cidade. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h36min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h38min): Estão reabertos os trabalhos.

Quero, com satisfação, registrar a presença, em nosso Plenário, do Dr. Luís Goulart Filho, Ouvidor da Secretaria da Justiça e da Segurança do Estado do Rio Grande do Sul.          

Nós estamos no período do Grande Expediente.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós já ingressamos no período do Grande Expediente?

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, nós não ingressamos ainda no Grande Expediente, mas o Ver. Antônio Losada solicitou verbalmente e vai formalizar por Requerimento a imediata entrada no Grande Expediente para a comemoração do transcurso dos vinte anos da Lei da Anistia.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, eu conversei com o Ver. Antônio Losada exatamente sobre isso. Honro-me de pedir a inversão dos trabalhos, no sentido de entrarmos, imediatamente, no Grande Expediente para comemorar, solenemente, conforme pedido do Ver. Antônio Losada, o transcurso dos vinte anos da Lei da Anistia. Solicitaria que, logo após o término do Grande Expediente e ressalvadas as manifestações das Lideranças, ingressássemos na Ordem do Dia, quando, respeitados os vetos, que têm de ser enfrentados num primeiro momento, porque já se venceram os prazos, passaríamos aos Requerimentos.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, a ordem que V. Exa. requereu é: Grande Expediente, a votação dos Requerimentos depois dos vetos. Ou os vetos primeiro e os requerimentos depois?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Os vetos primeiro e os Requerimentos depois, pois parece que não é mais possível fugir ao prazo fatal do exame dos vetos, que já estão “trancando” a Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Está entendido, Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, nós queríamos reforçar a solicitação para anteciparmos o Grande Expediente, feita pelo Ver. Isaac Ainhorn, e queríamos também declarar a vontade de ver o Dr. Luís Goulart Filho, Ouvidor-Geral da Secretaria da Segurança Pública, participar de um debate neste Plenário. Posteriormente, eu vou sugerir à Presidência e à Mesa que se faça uma solicitação nesse sentido.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Antônio Losada, eu já registrei a honra de ter o Dr. Luís Goulart Filho nesta Casa, neste momento. Inclusive, se ele quiser fazer parte da Mesa, será, também, uma honra. Depois, V. Exa. o incluirá no debate.

Em votação o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Temos a satisfação de convidar para fazer parte da Mesa, nesta Sessão em homenagem aos vinte anos da Anistia, a Sra. Maria Lília Daleiro, do Conselho Estadual de Saúde, e o Dr. Luis Goulart Filho, da Ouvidoria da Secretaria da Justiça e da Segurança do Estado do Rio Grande do Sul. Também convidamos para fazer parte da Mesa o Sr. Antônio Constâncio de Souza.

Este foi um Requerimento apresentado pelo nobre Ver. Antônio Losada, que solicitou que o período do Grande Expediente do dia de hoje fosse destinado para abordagem do tema Anistia, que tem como data comemorativa o dia 28 de agosto, quando foi promulgada a lei do General João Batista Figueiredo, que concedeu a anistia no Brasil. No dia 28 próximo, sábado, completam-se os vinte anos. Essa data é muito importante, e o Ver. Antônio Losada fez muito bem em registrá-la na Câmara.

Na Assembléia Legislativa houve uma Sessão onde compareceram diversas pessoas, entre as quais o Sr. Leonel Brizola. A importância daquela Sessão foi mais ampla do que a simples comemoração dos 20 anos da Anistia, porque serviu para mostrar os anistiados e os não-anistiados da Marinha e do Exército, os que ainda não conseguiram a anistia, mostrando-nos que a Anistia ainda não está completa, e a Sessão serviu também para chamar a atenção para as pessoas que ainda não foram beneficiadas totalmente, o que ainda deve ser reparado.

O Sr. Leonel Brizola interessou-se pelos casos lá relatados pelo Sr. Capitani e pelo Ten. Vilson da Silva, que até foi Vereador de Porto Alegre, para que essas situações sejam revistas, senão é um paradoxo comemorarmos os 20 anos da Anistia com pessoas que ainda não tiveram a anistia regularmente estabelecida. Há que se fazer essas considerações.

Queremos registrar a presença do Sr. Manoel José dos Santos, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Estado do Rio Grande do Sul, a quem convidamos a fazer parte da Mesa.

O Ver. Antônio Losada, proponente da homenagem, está com a palavra.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para mim é um momento muito emocionante falar, nesta data, sobre a Anistia.

Nós vivenciamos um período anterior a 1964. Vivenciamos as várias tentativas de golpes ocorridas neste País. Em 1946, após a democratização, um ano após a Constituinte, houve várias cassações de deputados socialistas, de deputados comunistas.

Em 1952, também ocorreram tentativas de golpes que não se concretizaram. Mas, em 1954, exatamente, no dia 24 de agosto, o Presidente Getúlio Vargas teve que fazer o sacrifício pessoal para evitar que o golpe dos conservadores, das elites, do capital internacional se concretizasse.

Nova tentativa ocorreu em 1961, quando o Rio Grande do Sul exerceu um papel importantíssimo, no sentido de que não se realizasse o golpe preparado pelos militares, assessorados pelas entidades financeiras internacionais.

A grande mobilização do povo gaúcho, em 1961, comandada por Leonel Brizola, que só em um dia, no famoso mata-borrão, um prédio existente na Av. Senador Salgado Filho, esquina com a Borges de Medeiros, ali acorreram, espontaneamente, duzentas mil pessoas para, voluntariamente, participar do processo de resistência armada caso aquele golpe se concretizasse. Felizmente, isso não ocorreu. A partir daí, a mobilização do povo brasileiro passou a ser mais intensa. Apesar de a sociedade brasileira ter uma estrutura ainda de Estado Novo, uma estrutura de poder herdada do Estado Novo, nada de fato havia sido modificado nessa estrutura. Portanto, em 1961, conseguimos superar, através da luta e da mobilização, o golpe e, dando continuidade a esta mobilização pelas reformas de bases tão sentidas e tão reclamadas pela população carente, pelos trabalhadores do Brasil. A grande mobilização dos Sindicatos começou, de certa forma, a intervir no poder constituído, o que culminou numa grande mobilização desenvolvida de uma maneira combinada no campo e na cidade. Movimento sindical urbano e rural em ascensão, isso sinalizava um avanço da democracia, um avanço naquelas estruturas de poder conservador, onde se escondiam e se abrigavam os golpistas, os conservadores, os inimigos do povo. Entretanto, esta intervenção das massas, através da organização popular, não foi suficiente para impedir que, após o grande comício da Central do Brasil, do dia 13 de março de 1964, aquele grande comício que contou com a presença de, aproximadamente, duzentas e cinqüenta mil pessoas, aquele comício determinou que o Governo de João Goulart tomasse algumas medidas no sentido de caminhar pelas reformas tão reclamadas pela população, pelos trabalhadores brasileiros. Encampou algumas refinarias, tomou algumas medidas no sentido de promover a Reforma Agrária à margem das grandes rodovias. Sem dúvida, essas medidas, de cunho popular fizeram com que os conservadores, as elites deste País, imediatamente começassem, através da grande imprensa e através de várias provocações, criar um clima favorável ao golpe de 1964. Sem dúvida, essas forças extremamente organizadas, hierarquizadas, tendo o poder das armas, foram acobertadas por uma estrutura ainda herdada do Estado Novo. Não foi difícil consolidar esse golpe que tanto entristeceu a Nação Brasileira e que tantas vítimas provocou, ocorrendo de, em determinados momentos, qualquer delegado de polícia obrigar qualquer cidadão a comparecer diariamente a uma delegacia para assinar o ponto simplesmente para dizer que estava se comportando bem e que não tinha problema nenhum. Esses pontos eram assinados em delegacias de bairros. E isso ocorreu também na própria Terceira Região Militar na Rua Duque de Caxias. Não ocorreram somente essas medidas de amedrontamento tão amplas e tão humilhantes, ocorreram também prisões, ocorrendo o prende-e-solta. Este Vereador foi preso várias vezes em plena atividade sindical, sendo humilhado pelos Delegados Pacheco, Melgaré e outros. Entretanto, isso não foi suficiente para a ditadura militar, eles cassaram professores, intervieram nos sindicatos, fizeram intervenção branca, ou seja, bloquearam as contas no Branco do Brasil, quando não colocavam a junta nas diretorias verdadeiramente eleitas e, dessa forma, amordaçando e controlando as atividades sérias e honestas do movimento sindical dos trabalhadores. Essas medidas também condicionaram o comportamento de nossos parlamentos, através dos atos complementares, dos atos de exceção, fazendo com que às nossas Casas Legislativas ficassem submissas a esse estado de coisas. Muitas vezes, pela temeridade do parlamentar de perder o mandato ou de ir para a prisão e sofrer as torturas. Comprometiam, muitas vezes, a natureza do mandato popular, o comprometimento com a sua representatividade.

A partir de 1964, nós atuamos numa grande campanha contra as medidas que arrancavam o direito dos trabalhadores, como indenização, direito previdenciário e outros direitos. Nós, a partir de 1966, fomos obrigados, dado a perseguição, a participar da luta pela resistência na clandestinidade. Isso durou um período de quatro a cinco anos. Posteriormente, fomos presos. Portanto, o processo de anistia, nós tivemos uma visão a partir das prisões dos limites que essas prisões nos oferecem, lamentavelmente, queríamos fazer uma pequena explanação sobre o processo de anistia na nossa visão.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa cede seu tempo a V. Exa., que tem mais cinco minutos.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: A partir de 1966, nós, em função do aguçamento e da radicalização por parte dos ditadores, fomos obrigados a ingressar na clandestinidade. Clandestinidade essa onde nunca deixamos de trabalhar pela resistência, pela luta e pela liberdade. Sempre procuramos oferecer tudo de nós para ajudar a organizar os trabalhadores, a sociedade brasileira no sentido de se armar para enfrentar aquele estado de coisas que caía sobre os trabalhadores e sobre o povo brasileiro de um modo geral. A partir de 1974, no palco de uma profunda crise capitalista, particularmente nos Estados Unidos, o Brasil, atrelado ao ciclo de financiamento externo, viu-se obrigado a abrir uma brecha para a reforma lenta e gradual, com o propósito de evitar uma saída mais popular para a crise desenhada. Os movimentos pela abertura democrática e anistia ampla, geral e irrestrita ganharam nas ruas os mais diversos setores da sociedade civil, sindicato de trabalhadores, associações, movimento estudantil, imprensa e, sobretudo, a mobilização das mulheres, liderada por Terezinha Zerbini, em São Paulo, e Alicia Peres, no Rio Grande do Sul forçaram os limites da tolerância oficial e colocaram a ditadura na parede. Portanto, o decreto do General Figueiredo não foi um gesto de benevolência, mas uma conquista daqueles que lutaram e lutam por uma sociedade mais justa e igualitária.

A Lei de anistia política de 1979, apesar de se proclamar ampla e geral, não resolveu o drama dos desaparecidos políticos, não reparou a dor e as perdas infligidas aos familiares, não anistiou todos os atingidos pelo arbítrio, não afastou os torturadores do serviço público, não deixou de excluir os direitos dos sem-terra, dos sem-teto, dos aposentados, dos desempregados e, quando se referem aos desaparecidos políticos, os tratam apenas como “mortos presumidos”.

As seqüelas desta lei pairam sobre as tentativas de uma elucidação dos crimes cometidos. Os familiares dos desaparecidos e as entidades dos Direitos Humanos tentam incessantemente exigir das autoridades o enfrentamento da questão, denunciando as atrocidades e seus autores.

A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, juntamente com o Comitê de Anistia e o Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, muito tem se empenhado para resgatar a memória de todos aqueles que sofreram e deram suas vidas pela liberdade.

O Governo Federal, mesmo diante das provas evidentes e dos apelos dos brasileiros, não tem necessária vontade política para enfrentar questões como a explosão das bombas do Rio-Centro e outros tantos crimes cometidos por agentes do Estado, dentre eles destaca-se o massacre de Eldorado dos Carajás e a morte de milhares de pessoas assassinadas no campo.

Promove, sim, com eficiência, o fechamento econômico do País, e leva a sociedade brasileira a ser considerada a campeã mundial de desigualdade social, com a indústria sucatada pela abertura irresponsável do capital estrangeiro, patrimônio público cada vez mais sendo privatizado, agricultura carecendo de uma política adequada porque ainda é refém dos latifúndios, suspende e restringe os direitos às aposentadorias para os anistiados, fala em reforma previdenciária e paga a onze milhões de aposentados apenas um salário mínimo.

No campo legislativo brasileiro houve avanços visando a possibilitar punições aos crimes intoleráveis, como o da tortura, mas a maior tortura é a fome de quarenta e sete milhões de brasileiros.

Promover os direitos humanos é um constante desafio que nos remete a trabalhar para a superação dessas violências, nas mais diversas formas, e por isso é que proclamamos um basta a essa política que anula, na esfera econômica, as conquistas políticas, simbolizadas pela Anistia.

O povo brasileiro merece ser anistiado de tanta miséria e injustiça, e a ele é que devemos homenagear, bem como aqueles companheiros que tombaram e que sofreram na pele os horrores da ditadura militar.

Aproveito este Grande Expediente para lembrar a memória dos seguintes companheiros gaúchos assassinados: Alfeu de Alcântara Monteiro, Alvemar Moreira de Barros, Ângelo Cardoso da Silva, Ari de Abreu Lima da Rosa, Bernardino Saraiva, Celso Gilberto de Oliveira, Cilon da Cunha Brum, Edson Neves Quaresma, Evaldo Luís Ferreira de Souza, João Batista Rita, João Carlos Haas Sobrinho, Joaquim Pires Silveira, Jorge Alberto Basso, José Alberto Bronca, Manoel Raimundo Soares, Luís Eurico Tejara Lisboa, Nilton Rosa da Silva, Sônia Maria de Moraes Angel Jones e Alceri Maria Gomes da Silva, porto-alegrense assassinada em São Paulo, em 10 de maio de 1970 e os torturados: Adão Manoel da Graça, Antônio Constâncio de Souza, Antônio Bernardino, Almir Olímpio de Mello, José Losada, Augusto Losada, Jorge Fischer Nunes, Valdir Nasi, Diógenes Sobrosa, Antônio Rocha, Marco Antônio Dourado, Pedro Machado, Érico Dornelles, Sônia Venâncio Cruz e um agradecimento especial àquele que foi Presidente do Comitê da Anistia do Rio Grande do Sul, José Kiniger, e aos advogados Glênio Argemi e Luís Goulart Filho. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra, em Grande Expediente.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É de fundamental importância a iniciativa do Ver. Antônio Losada de marcar, nesta Casa, os vinte anos de conquista da anistia em nosso País. É bom que se diga que essa não foi a primeira anistia no Brasil, se não me engano, é a quadragésima oitava anistia concedida na história do nosso País, mas sem dúvida é a principal delas, a mais marcante de todas na vida nacional. Talvez muitos dos que participam aqui conosco e dos que participam, nesta semana, dos eventos de recuperação da história dos vinte anos da conquista da anistia não tenham uma idéia exata do seu significado, mas há trinta e cinco anos esse País sofreu um golpe militar, e os militares fecharam o Congresso, cassaram os políticos, fecharam os Partidos, criaram atos institucionais, criaram um regime de exceção política, censuraram a imprensa, e aos que faziam oposição a isso, aos que pensavam diferente houve a perseguição política, houve a tortura, a morte, o exílio. As organizações sindicais, populares, o movimento estudantil foram perseguidos, foram fechadas as entidades; foi um período em que nós não tínhamos liberdade. Como dizia um colunista, um humorista da época: “liberdade de pensar é só pensar”, porque ninguém na prática tinha, e a gente corria o risco de pensar. E nós andávamos pelas sombras, escondidos, e foi todo um processo que a sociedade brasileira viveu de repressão política, de terror político, de falta de liberdade. É importante que a gente faça a rememoração desse tempo que hoje nos parece distante. É importante que a gente resgate que, se isso mudou, foi porque houve neste País quem resistiu e lutou. E a anistia foi uma das principais bandeiras que articulou a luta pela democratização do País. Eu quero ressaltar aqui a importância dos militantes políticos, das organizações do Rio Grande do Sul, tanto dos parlamentares - nós estamos numa Casa Legislativa - e daqueles que aqui foram cassados, como Glênio Peres, Marcos Klassmann, Lauro Hagemann, e outros políticos gaúchos, políticos porto-alegrenses. E é importante que a gente recupere essa memória, porque nós tivemos importância nesse processo. O Movimento Feminino pela Anistia aqui no Rio Grande do Sul tinha uma expressão importante, com a companheira Lícia Peres, a Dona Mila Cauduro. Hoje, fiz questão de vir com um brochezinho que eu, carinhosamente, passei vinte anos guardando, do Movimento Feminino pela Anistia. Nós tínhamos o Comitê Brasileiro pela Anistia. Eu era militante estudantil e fui daquelas que acampei na Praça da Matriz, e depois, na Praça da Alfândega, na vigília permanente que fizemos durante vários dias, quando o Congresso, em agosto de mil novecentos e setenta e nove, votava a anistia. E nós, aqui, tínhamos lutas específicas nossas. Além dos nossos políticos cassados, servidores públicos cassados, militares cassados, nós tivemos as pessoas que, infelizmente, foram levadas do nosso convívio pela repressão. Nós tivemos o famoso caso do Sargento Raimundo, das mãos amarradas; tivemos o caso do nosso companheiro Luiz Eurico Terreira Lisboa, dirigente estudantil;  tivemos a luta pela libertação da Flávia Schiling e do Flávio Koutzii, lutas exemplares que garantiram a vida desses companheiros, sem dúvida, assim como a de tantos outros. Essa memória é importante porque quem não viveu aquele tempo nem acredita. Eu vivi de uma forma diferente do Ver. Antônio Losada, eu estava entrando na política, mas, da mesma forma, era preciso cuidado, porque a repressão andava solta. Foi uma geração de militantes que passaram a ter experiência com a política a partir de uma situação de repressão, o que é uma coisa brutal. A entrada na vida pública, no movimento social, onde a gente buscava se realizar como cidadão e ter acesso aos direitos mínimos e a ser sujeito da História, deu-se num contexto político de total repressão. As ruas desta Cidade foram conquistadas palmo a palmo, porque, no início, era proibido sair da universidade; as entidades foram conquistadas palmo a palmo, com muito risco de vida, mas com muita persistência. Se hoje temos essa situação, é necessário dizer que a luta pela anistia não está terminada,  porque o que foi aprovado, em agosto de 1979, não era a anistia que queríamos.  Nós não queríamos a anistia dos torturadores. Isso o Estado Brasileiro ainda nos deve. Houve tortura e houve a  impunidade dos torturadores. O Estado Brasileiro ainda está nos devendo essa reivindicação do movimento da época, do povo brasileiro. 

Em 1995, o Governo assumiu uma legislação, trazendo reparos a essa situação,  mas a integridade ferida não é recuperada, assim como a vida dos que se foram.  É preciso que a gente tenha clareza de que a luta pela anistia continua, é necessário que o rito se cumpra, e que o Estado assuma a responsabilidade pelos crimes políticos que cometeu. Nós queremos uma pátria livre, com liberdade de expressão, de organização política, de manifestação, com liberdade de imprensa. É necessário que se ajustem as contas com esse passado. Para nós a luta também continua, porque, a partir do momento em que assumimos postos,  como o do Governo do Estado do Rio Grande do Sul,  buscamos efetivamente democratizar também o setor da segurança pública que, durante muito tempo, teve o papel de ser segurança do Estado contra o cidadão, teve um papel repressivo na nossa história. Hoje, se discute a necessidade de que tenhamos uma segurança cidadã, partilhada com a sociedade organizada, e é simbólico neste sentido as ações que o Governo do Estado tem tido através da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, inclusive mais recentemente com a criação da Ouvidoria, que para nós é algo muito significativo, porque é concretamente um passo bem efetivo no sentido da democratização da segurança, da abertura de um canal efetivo com a população, para que segurança pública possa fazer parte da construção e do desenvolvimento da democracia em nosso Estado, como queremos para o restante do Brasil.

A luta também continua porque hoje é dia 25 de agosto e os manifestantes de todo o País estão em Brasília na marcha dos cem mil, na marcha dos sem-terra, dos sem-teto, na marcha dos sem-tudo, na marcha dos sem-cidadania, porque não agüentamos mais um governo que não tem mais legitimidade para continuar governando este País, e é necessário, de uma vez por todas, que a gente assuma que, além da democracia política, nós queremos democracia social efetiva, queremos distribuição de renda, queremos a população participando das decisões em relação ao poder do Estado e do desenvolvimento. Este País tem condições para isso e é nesse sentido que a nossa luta, hoje, continua. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Sr. Nilton Souza da Silva, Secretário de Formação da Força Sindical, além de diversos companheiros e amigos da Força Sindical que vejo aqui, os quais saudamos.

Está com a palavra o Ver. Hélio Corbellini, em Grande Expediente.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu acho que quem nos antecedeu já nos trouxe à luz e à memória os fatos históricos; então, é desnecessário nós refrisarmos. Mas um é importante que seja levantado. O Movimento da Anistia, no Brasil, resgatou para a nossa sociedade, no limite que é o mais importante para nós, que é a idéia de liberdade e da democracia. Esses valores, com o Movimento da Anistia, parece que definitivamente se integraram à cultura brasileira quebrando a cultura de alguma lei de segurança atrasada que só atendia aos interesses daqueles que queriam tomar o poder de outra forma que não pelo caminho da democracia. Eu também concordo com que foi o movimento da anistia do possível, porque aqueles culpados pela barbárie foram perdoados, e a barbárie não tem perdão!

Vejam bem, Senhores, Srs. Vereadores, que aqui do lado, na Argentina, os generais foram condenados; um pouquinho mais para o lado, no Chile, iniciou-se um processo, bem ou mal. O mundo, segurando o ditador Pinochet, questionando se ele tinha ou não ferido os direitos humanos, começa a estabelecer um diálogo universal, mudando os conceitos jurídicos do respeito aos direitos humanos.

Hoje, nós temos um outro debate, aqui, no Brasil, que é o da federalização dos crimes contra o direito da pessoa e os direitos humanos. Eu acho que tem que ser a luta de todos aqueles que querem verdadeiramente a democracia e a liberdade, para que não aconteça o que aconteceu com os criminosos do Carajás. Não me arrependo de nada do que fiz durante o período em que trabalhamos e atuamos na clandestinidade, principalmente ligados à ação popular. E vejo o meu parceiro de lutas, Moojen, aqui no plenário. Mas certamente hoje, com esses valores incorporados à nossa cultura, algumas coisas nós faríamos diferente, porque, hoje, com esses valores incorporados, eu não colocaria - e não seria necessário - em risco a vida de quem estava muito próximo de mim, como, por exemplo, a minha esposa e companheira e os meus filhos, que atravessaram esse período de escuridão.

Se hoje nós estamos pensando assim, é também um momento muito importante para refletirmos diante dessa modernidade que estão falando, diante desses paradigmas que estão sendo questionados ou não. Principalmente nós, dos partidos do campo democrático e popular, refletirmos sobre qual é a nossa postura para atingir o nosso objetivo que é, sem sombra de dúvidas - por isso nós existimos -, um dia dirigir os destinos deste País. Nós temos que, de forma franca, aberta e leal, conversarmos sobre os caminhos e descaminhos da esquerda, porque, se assim o fizermos, com esses paradigmas, teremos encurtado o caminho para atingirmos aquilo que nós queremos: um dia, essa sociedade do Brasil ver o que seria nós dirigirmos os destinos desta Nação.

Assombra-nos e nos assusta o surgimento de outra forma de ditador como esse da Venezuela, que, conforme tomamos conhecimento através das notícias, elimina o estado de direito, elimina a Justiça e o Parlamento. Esse caminho nós temos que impedir.

Gostaria de dizer ao companheiro Ouvidor que, como já disse a Vereadora Helena Bonumá, era uma luta da Comissão de Direitos Humanos, a Ouvidoria; é colocar sobre controle da sociedade os aparelhos de polícia.

Gostaria também de dizer a eles - e nós já dissemos várias vezes nesta tribuna - que, para nós cidadãos, a segurança passa por um caminho extremamente árduo e difícil para ser conquistado, não só fazendo com que esses aparelhos façam e respeitem os direitos dos cidadãos: necessariamente, temos que desmilitarizar a polícia. Nós achamos - e é uma luta pessoal nossa - que a segurança cidadã passa pela municipalização da segurança, porque é aqui que o indivíduo exerce ou tem ofendido os seus direitos. É no Município. Encurtaria essa distância de serem aparelhos de Estado, aparelhos estaduais. E mais: só há um caminho diante da fortaleza que são as corporações policiais: o de criar uma outra entidade, liquidando com as duas corporações que existem, Sr. Ouvidor. Essa é a nossa opinião: acabe com as duas, crie uma nova. Sei que não é a sua atribuição, mas é o único jeito, porque, senão, as corporações são muito mais fortes do que nós. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaríamos de nos expressar, em nome do Partido Democrático Trabalhista, na pessoa do Presidente desta Casa Ver. Nereu D’Ávila, do Ver. Elói Guimarães e do Ver. João Bosco Vaz, através de uma primeira reflexão: a de que um povo sem memória é o que está fadado a repetir os acontecimentos do passado.

Quando nós, aqui desta tribuna, quando a Câmara Municipal de Porto Alegre, quando a Assembléia Legislativa e quando organizações da sociedade civil brasileira resolvem promover um conjunto de manifestações alusivas aos vinte anos da promulgação da Lei da Anistia, é porque é necessário refletir sobre aquela luta, sobre aquele passado, compreendendo o que aconteceu em nosso País nos últimos cinqüenta anos.

Os mais velhos hão de se lembrar que aquilo que aconteceu em 31 de março de 1964, começou a ser projetado em 1950, quando Getúlio Vargas galgou a Presidência da República.

E quando achavam que através da desestabilização do País, em 1954, fariam uma verdadeira contra-reforma, uma contra-revolução, Getúlio Vargas, indiscutivelmente a figura mais importante da História Contemporânea e do século vinte - e podemos dizer isso já terminando o século e o milênio -, através do seu sacrifício, uniu o nosso povo e impediu que, já em 1954, se perpetrasse um golpe militar quando, às vésperas do infausto acontecimento, ele disse que só sairia morto do Palácio do Catete. E cumpriu a sua palavra! Dez anos depois, em 1961, renuncia o Presidente Jânio Quadros. Fatos ainda bem próximos ao ato revelaram, e as informações trazidas, recentemente, pela mídia, informam que a renúncia do Presidente Jânio Quadros foi um ato preparado, urdido para que ele voltasse ao Poder com poderes excepcionais, fechando, inclusive, o Congresso Nacional.

Felizmente, naquele momento, Ver. Antônio Losada, autor da iniciativa das comemorações dos vinte anos da anistia, “o tiro saiu pela culatra” - e foi quando houve a maior experiência de mobilização popular da história brasileira -, e nós, os trabalhistas, integramos o povo gaúcho no célebre episódio da legalidade, Vereador, quando eu, como estudante, e V. Exa., como liderança sindical, participamos daquele movimento que levaria, embora sob a conciliação do regime parlamentarista, o Presidente João Goulart à suprema magistratura da Nação.

As medidas tomadas pelo Presidente João Goulart, sobretudo nos dois anos de governo após o plebiscito que devolveu a ele os poderes constitucionais, as suas reformas fizeram com o nosso País estivesse a poucos momentos de uma invasão e de uma intervenção militar por parte dos Estados Unidos da América do Norte. Esse é um fato concreto, provado da história contemporânea. O golpe se perpetrou no dia 31 de março de 1964, e com o equívoco de alguns companheiros, porque eu tributo a minha homenagem e o meu respeito às Forças Armadas deste País, que são instituições permanentes. Até por equívocos nossos, os militares foram conduzidos a um processo que interessava - hoje está provado; segmentos das Forças Armadas têm consciência disso - aos grandes grupos econômicos internacionais e ao grande latifúndio estabelecido no nosso País. Porque as medidas tomadas por João Goulart, que levaram os patriotas, os brasileiros, os socialistas, os comunistas ao exílio, às prisões e à morte, que durou cerca de vinte anos. E o momento mais grave, após 64, foi quando da edição do Ato Institucional nº 5, quando o terror se instalou no País.

Este é o quadro a que assistimos vinte anos depois da Lei da Anistia. Esses são alguns registros históricos que gostaríamos de deixar. E hoje estamos reabilitando, resgatando essa história, porque esta Casa, dentro de mais alguns dias, prestará uma homenagem àqueles que foram cassados pelo regime discricionário de 1964, até 1977. E nos honra dizer que, praticamente todos, eram egressos das nossas fileiras, os trabalhistas brasileiros.

E, por iniciativa da Vera. Tereza Franco, na placa que dentro de alguns dias será colocada nesta Casa, como memória da Anistia, diz: “Num tempo distante, onde o medo e a escuridão tentaram emudecer o nosso povo, nesta Casa uns poucos ousaram pregar contra a fúria do vento, clamando por justiça e liberdade. Que fique gravado na memória do tempo e saibam as gerações futuras que neste Parlamento existiram homens que, honrando seus mandatos, jamais se curvaram perante a intolerância e a escuridão”. Homenagem aos cassados pelo movimento militar de 31 de março de 1964: Sereno Chaise, Ajadil de Lemos, trabalhistas; Alberto Schroeder, comunista; Hamilton Chaves, trabalhista; José Wilson da Silva, trabalhista; Índio Vargas, trabalhista; Dilamar Machado, trabalhista; Glênio Peres, trabalhista; Marcos Klassmann, trabalhista.

Esta é a nossa homenagem, Sr. Presidente, que gostaríamos de deixar gravada nos Anais da Casa e na memória desta Cidade, com a consciência de que não nos esqueceremos jamais de fatos como este, dentro deste resgate da memória da história, Dr. Luiz Goulart. Infelizmente, naquele período de agosto de 1979, alguns políticos do MDB, cujos nomes conhecemos bem, queriam uma anistia limitada, a fim de que Luiz Carlos Prestes e Leonel Brizola não pudessem retornar à vida pública. A nossa homenagem a esses patriotas que retornaram à vida pública e deram a sua contribuição. A nossa homenagem aos demais companheiros falecidos, como Lígia Azeredo Costa, como Mila Cauduro, Lícia Peres e também a Sra. Francisca Brizola, que foram as grandes articuladoras, as grandes lideranças desse movimento que representou a anistia no Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra e cede seu tempo ao Ver. Antonio Hohlfeldt da Bancada do PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, prezados companheiros na composição da Mesa neste momento. O PSDB não poderia estar ausente nem deixar de dizer uma palavra a respeito da passagem dos vinte anos da anistia, promulgada em 1979, por iniciativa, na época, do Senador Roberto Freire. Da mesma forma que o Senador Roberto Freire, também, há alguns meses, tomou a iniciativa de buscar todas as lideranças partidárias no Congresso Nacional no sentido de se articular sessões e comemorações em todos os âmbitos, civis, legislativos, executivos, para que se relembrasse o episódio de 1979.

Em primeiro lugar, quero agradecer ao Ver. João Bosco Vaz, que me cedeu esse tempo, permitindo que o PSDB se manifestasse nesse momento e dizer da minha imensa satisfação em ter nessa Mesa, hoje, o Dr. Jorge Goulart, que além da minha amizade e admiração por ele, sou-lhe devedor por tudo aquilo que contribuiu com o nosso trabalho, ligado ao Sindicato dos Jornalistas, ligado a diferentes momentos da nossa luta democrática. E quero aqui evocar, porque foram nossos companheiros, muito especialmente, o ex-Vereador Glênio Peres, já falecido, e o ex-Vereador Marcos Klassmann. Já disse, a comemoração da anistia, a iniciativa, a vitória, a conquista dessa decisão não é monopólio de nenhum partido, de nenhuma sigla, de ninguém em particular. Foi uma vitória da sociedade brasileira como um todo. E é bom que se lembre que, pelo menos desde 1972, a partir da vitória do então MDB nas eleições em vários estados brasileiros, articulava-se a busca de um ato que pudesse resgatar cidadãos brasileiros que haviam sido banidos da vida político-partidária por força do regime de exceção pós-64.

Em 1974 criava-se, em São Paulo, com a coordenação da Dra. Terezinha Zerbini, da Ordem dos Advogados do Brasil regional, o Movimento Feminino pela Anistia; logo depois surgiam, em todo o Brasil, comitês pró-Anistia. Em 1977, o Movimento ganhava força; em 1978, era organizado, no Rio de Janeiro, o Comitê Brasileiro pela Anistia; nesse mesmo ano o Senador Teotônio Vilela iniciava uma jornada histórica por todo o Brasil, viajando de estado a estado, de lugar a lugar, madrugada após madrugada. Lembro-me, Ver. Lauro Hagemann, que V. Exa. o acompanhou aqui em Porto Alegre, quando ele saiu daqui, subindo a Caxias do Sul, fez uma conferência na Universidade de lá, organizada por mim, e depois, madrugada adentro, retornou a Porto Alegre para poder viajar imediatamente. Naquela época ele já estava marcado pela doença que, depois, viria tirá-lo da nossa convivência. A memória de Teotônio Vilela para nós também é extremamente importante pela fantástica luta que ele desenvolveu, culminando na Sessão de 18 de agosto de 1979, num ato promulgado no dia 28 de agosto, pelo então Presidente João Baptista Figueiredo.

Eu queria permitir-me lembrar, independentemente das bandeiras partidárias da época ARENA ou MDB, que muitos foram os políticos que, de um ou de outro lado, garantiram a consecução do ato da Anistia: senadores Aloysio Chaves, Dinarte Mariz, Bernardino Viana, Helvídio Nunes, Henrique de La Rocque, Moacyr Dalla, Murilo Badaró; deputados Ernani Satyro, João Linhares, Ibrahim Abi-Ackel, Francisco Benjamin, Luiz Rocha e Leorne Belém Menescal, pela ARENA. Pelo MDB: senadores Teotônio Vilela, Pedro Simon, Nelson Carneiro, Itamar Franco; deputados Tarcísio Delgado, Benjamin Farah, Roberto Freire, Del Bosco Amaral e João Gilberto Lucas Coelho, hoje Presidente de honra do PSDB do Rio Grande do Sul.

Também atuaram com destaque pelo MDB: Roberto Saturnino, Mauro Benevides, Marcondes Gadelha, Alceu Collares, Alberto Goldman, Odacir Klein, Jáder Barbalho e Henrique Eduardo Alves.

Pela ARENA: Nelson Marchezan, Alberto Silva, Affonso Camargo, Hugo Napoleão, Carlos Wilson, Maluly Neto, Wilson Braga, Ademar de Barros Filho, Carlos Sant’Anna, Ricardo Fiuza, Gerson Camata, Paulo Lustosa e Albérico Cordeiro.

Ainda se poderia lembrar, no Rio Grande do Sul, do Deputado, na época, Paulo Brossard, Getúlio Dias e tantos outros que defenderam o projeto que, afinal, seria vitorioso. Vitorioso seria, sobretudo, a sociedade brasileira.

Nos próximos dias estará saindo a reedição do livro que conta a história do estudante Luiz Eurico Ferreira Lisboa, meu colega de Julinho, a quem eu tinha um carinho muito grande, que, simplesmente, um dia desapareceu. Muitos anos depois, na capa de uma Revista Veja, lá estava a fotografia de Luiz Eurico, cujo corpo havia sido descoberto em um cemitério de São Paulo, graças a perseverança de sua mulher Suzana Lisboa. Daí para a frente a luta pelo ressarcimento, não pecuniário apenas, mas, sobretudo, moral, às famílias das vítimas de todo aquele período. A pedido da Suzana , editamos há alguns anos, com a ajuda da então Secretária Mila Cauduro, da Administração Alceu Collares, um livro reunindo os escritos do Luiz Eurico. Para minha alegria, Ver. Lauro Hagemann, companheiros, há poucos dias a Suzana me procurava, dizendo que a Editora Sulina está preparando a nova edição do livro, com a revisão dos textos, ampliando a lista dos desaparecidos, que têm, hoje, a possibilidade do ressarcimento por parte do Governo Federal.

Portanto, avançamos. É justo que marquemos esta data de hoje. Mas, mais do que olhar para o passado, a questão da anistia nos joga para o presente e para o futuro; portanto, remete-nos à questão dos direitos humanos, tal como se dá hoje. Talvez, melhor do que chorarmos coisas que possam acontecer, seja prevenir através de legislações novas.

Permito aqui lembrar, que apesar de todas as coisas que se dizem contrárias ao Governo Federal, a Administração Fernando Henrique Cardoso tem trabalhado com extrema seriedade, e aí a presença do Secretário José Gregori, é extremamente importante junto ao Presidente de República e ao Governo Federal, no sentido de atuar no campo dos Direitos Humanos, prevenindo, através de legislações específicas. Lembrar aos Senhores que a Lei 9.299, de 1996, transferiu da Justiça Militar para a Justiça comum os crimes dolosos praticados por policiais militares; a Lei nº 9455/97 tipificou o crime de tortura e estabeleceu penas severas; a sanção da Lei nº 9437/97 tornou crime o porte ilegal de armas e criou o Sistema Nacional de Armas; a Lei nº 9474/97 estabelece o Estatuto de Refugiados; a Lei nº 9454 cria o Registro de Identidade Civil; a Lei Complementar nº 8897 estabelece rito sumário nos processos de desapropriação para fins de Reforma Agrária. São vinte e oito leis federais, são 32 convênios com estados, inclusive com o Estado do Rio Grande do Sul, no sentido de aplicar, em nível estadual, algumas das decisões federais. É o Governo Brasileiro buscando prevenir, para que não tenhamos novos episódios como aqueles vividos após 1964. Portanto, registro com enorme alegria e com enorme orgulho, em nome do PSDB, a passagem dos vinte anos da Anistia, e sobretudo a certeza de que, independentemente das ideologias, todos nós, todas as bancadas aqui presentes, temos um compromisso com a liberdade e um compromisso com a democracia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta cede o seu tempo para o Ver. Lauro Hagemann. Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, em Grande Expediente.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Entre os dias 18 e 28 de agosto está-se comemorando os 20 anos da Lei da Anistia; um amplo movimento popular que teve que ser desencadeado, neste País, com muito sacrifício, com muita luta e com muita disposição para vermos aprovada, no Congresso Nacional, por uma diferença de quatro ou cinco votos a referida Lei. Isso significou que a sociedade brasileira estava em sua representação congressual, dividida com relação à anistia.

O que é anistia? No dicionário consta que vem de uma palavra grega amnistia e quer dizer o perdão por uma falta cometida. Eu tenho particularmente me questionado a respeito da anistia que me foi atribuída, porque eu não me considero criminoso e porque crime ou delito de opinião está proscrito, há muito tempo, das legislações e códigos internacionais. A própria carta da ONU, de 1948, menciona claramente que nenhum cidadão pode ser penalizado por emitir opinião, mas uma grande quantidade de brasileiros foram penalizados por um crime de opinião.

 

 

O fato é que a anistia está aí, e hoje a sociedade brasileira, com justo júbilo, comemora os vinte anos da anistia. Esse foi um trabalho da sociedade brasileira, começando modestamente em vários lugares, sendo que aqui no Rio Grande do Sul, nós tivemos um trabalho acentuado, principalmente das mulheres que o começaram e que depois foi levado por um conjunto de entidades que culminou com a aprovação do Projeto da Anistia. Comunistas, socialistas, trabalhistas, cristãos, todos embretados nessa luta, mas, sobretudo, cidadãos patriotas que queriam ver o seu País, a sua Nação sair da escuridão em que estava mergulhada, e, sobretudo, a reparação dos crimes hediondos que cometeram em nome da reversão de uma ordem que a maioria combatia apenas com idéias. Essa luta se tornou vitoriosa através da anistia. Nós fomos anistiados e hoje somos cidadãos integrados plenamente na sociedade, mas ainda restam alguns que não atingidos pela anistia. Há várias categorias, por exemplo, mais de quatrocentos marinheiros ainda não foram anistiados, e isso é um problema grave, porque as alegações são as mais variadas, mas o que falta realmente é a vontade política de implementar a anistia para esses marinheiros. Estamos vendo nesses dez dias de comemoração dos 20 anos de Anistia uma série de solenidades e homenagens, inclusive esta que está sendo prestada pelo Ver. Antônio Losada hoje. Tivemos no dia vinte e três, à noite, uma Sessão Especial da Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, no Salão Júlio de Castilhos; tivemos ontem uma solenidade muito emocionante, que foi a entrega das medalhas do Negrinho do Pastoreio, no Palácio, a várias personalidades que se destacaram na luta pela anistia, pelos direitos humanos; hoje, às dezenove horas, temos um debate, intitulado “A imprensa e a resistência”; temos aqui, no dia vinte e sete, uma homenagem aos mortos e desaparecidos; teremos a inauguração de uma placa aos Vereadores que foram cassados; no dia vinte e nove, teremos um “show” no Auditório Araújo Viana. E ainda, em prosseguimento a isso, temos um Projeto tramitando na Casa, designando o dia vinte e dois de novembro como o “Dia da Defesa dos Direitos Humanos” e a construção de um busto em praça pública ao marinheiro João Cândido, o “Herói da Chibata”, que está sendo esquecido por longos e longos anos, e que é gaúcho. João Cândido é um dos heróis da Marinha, assim como foram Tamandaré, Marcílio Dias, Alexandrino de Alencar, todos gaúchos. Os gaúchos, que não têm uma tradição marítima, mas têm nomes de vulto na história da Marinha brasileira. Temos o João Cândido, que precisamos resgatar sua memória, dizer que ele também, foi um herói brasileiro. Mas, não podemos ficar só no que passou, precisamos, como disse o Ver. Antonio Hohlfeldt, nos preocupar com o futuro. Para que esses fatos nunca mais aconteçam a sociedade precisa estar permanentemente alerta, e os dias que correm são graves. Precisamos estar alertas para o que está por vir para evitar coisas piores. Estamos navegando num mar de escolhos, que não sabemos onde vamos parar. É preciso termos a sapiência, a consciência e a visão de que este País é muito grande para ser jogado impunemente numa aventura.

Por isso, a cada um de nós, aos parlamentos, Municipais e Estaduais, ao Parlamento Federal, cabe uma vigilância constante para que este movimento pela Anistia, a que nós assistimos há 20 anos atrás, possa se repetir noutra direção, de preservação da soberania nacional, da preservação dos valores mais altos da cidadania e, sobretudo, do resgate do valor humano que tem o cidadão deste País para com a sua Pátria. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra, em tempo de Liderança.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Queria saudar a Mesa, as autoridades, os militantes da luta pela Anistia, os democratas, que acompanham esta homenagem da conquista de 20 anos da Anistia no Brasil.

Eu queria rapidamente afirmar a preocupação da nossa Bancada, neste momento, e fazer um pronunciamento, resgatando essa parte da História brasileira, onde a sociedade, independente dos Partidos e das suas posições específicas, se uniu na conquista do resgate da democracia, da liberdade de expressão, da garantia dos direitos individuais, pôs fim à violência dos cárceres, à opressão e a um período onde a liberdade de imprensa era um sonho do futuro.

O Ver. Antônio Losada, neste momento, nos propicia a possibilidade de colocar para a sociedade porto-alegrense e, fundamentalmente, para aqueles que não viveram naquele período, o significado desta luta e a importância que tem o posicionamento na sociedade na conquista da democracia.

Vários Vereadores que, aqui, me antecederam, recolocaram, homenagearam o nome de tantos que lutaram contra o regime ditatorial.

Eu quero apenas, sendo a última oradora desse tema, dizer que no momento em que o Congresso brasileiro, o Senado, a Câmara dos Deputados, a Assembléia Legislativa, o Palácio do Governo, a Câmara de Vereadores fazem os atos relembrando os vinte anos da conquista da Anistia, em todos esses atos, tem sido a oportunidade de relembrar a violência daquela época e de homenagear aqueles que lutaram por isso. Todos nós, Vereadores, vivemos esse processo com uma ou outra posição, com uma ou outra atuação.

Enquanto vários Vereadores falavam das suas atuações, eu me lembrava de ações decisivas do Comitê Brasileiro pela Anistia, do Comitê Feminino da Anistia e lembrava que, talvez, sem a ousadia daqueles que “vanguardearam” esses movimentos, a vida de tantos, que estão hoje ocupando lugares importantes na nossa sociedade, não teria sido preservada.

Lembro-me de que lutei pela Anistia na Paraíba, Estado onde eu morava naquele momento, e depois, numa atuação política internacional, na Cidade do México, exigia, acompanhando o drama dos exilados brasileiros como o Bom Burguês, o Dep. Neiva Moreira, os intelectuais: Teotônio dos Santos, Vânia Bambirra, Mauro Marini, Paulo Krisck e tantos outros, o seu retorno. Nós sabíamos que, naquele momento, a atuação de solidariedade, de pressão política e de organização poderia significar a vinda do exílio de tantos anos daqueles que, por uma imposição do arbítrio, tinham que se ausentar do País.

Quem participou desse processo da História brasileira tem que se orgulhar. Nós temos que reverenciar, fundamentalmente, àqueles que mais diretamente foram vítimas desse arbítrio e dessa violência. Acho que não poderia ser outra pessoa que não o Ver. Antônio Losada para trazer a esta tribuna esta homenagem. Para concluir, quero dizer que todos que lutamos pela liberdade nesses vinte anos, temos que lembrar também das dificuldades do presente, porque queremos a preservação do estado de direito, a preservação da liberdade de imprensa, a indenização daqueles que ainda não foram indenizados - não por uma questão financeira, mas por uma questão de resgate moral -, e isso tem que acontecer de uma forma extremamente forte em nossas vidas, porque sabemos o quanto é frágil a democracia brasileira e a dos países latino-americanos, tendo em vista as ameaças que tivemos, recentemente, no Paraguai, a questão trágica que vive, hoje, a Bolívia, a insegurança em que vive a Venezuela. Portanto, a nossa luta pela anistia, pela democracia é atual. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Despedimo-nos do amigo Goularte, desejando sucesso nas suas novas funções.

A Sra. Maria Lília Daleiro, representante do Conselho Estadual da Saúde, está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. MARIA LÍLIA DALEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiras e companheiros, após as brilhantes manifestações dos oradores que nos antecederam, resta-nos, além de agradecer por esta oportunidade, dizer que nos sentimos contemplados com as suas palavras e agradecer também a esta Casa e ao proponente, Ver. Antônio Losada, pela oportunidade de participarmos de tão grandioso ato. Também queremos agradecer a todos os que, há vinte anos, lutaram por mudanças na sociedade e para que a anistia se tornasse possível. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h03min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h04min): Estão reabertos os trabalhos.

Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal por cedência de tempo do Ver. João Carlos Nedel, em Grande Expediente.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Rio Grande está perplexo, parado, atônito porque a EXPOINTER ameaça não se configurar. E a EXPOINTER é um cartão de visitas do Rio Grande. E por que ela periclita? Por que a EXPOINTER periclita? Eu estudo este fenômeno da EXPOINTER, sem partidarismo, há algum tempo. Dia quinze de junho deste ano, desceu ou aterrissou aqui, de avião, o Ministro Extraordinário de Política Fundiária Raul Jungmann, e se dirigiu de barba, estranho como sempre andou, para o Palácio Piratini. Todo o Rio Grande ficou parado, não entendeu.  Quando consultei os jornais daquele dia, não entendi por que aparecia o Ministro da Reforma Agrária confraternizando com o Secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann. O Governador do Estado, todo sorridente, efusivamente, assinou um convênio. Eu não entendi o convênio, procurei ler, estudar, inteirar-me, porque sou um homem da cidade, sei pouco sobre a agricultura, nunca plantei nada, então tive muita cautela para me enveredar pelos problemas que não conhecia. O homem público tem obrigação de estudar, de se informar para emitir opiniões com quais a opinião pública se forma. V. Exas. nos ouvem, não têm tempo, estão trabalhando, e nós fazemos a síntese para que possam entender aquilo que estamos fazendo ou lendo. O Ministro estava confraternizando com o Governador, com o Secretário da Agricultura, acho que o Vice-Governador estava presente. As fotos foram estampadas em todos os jornais. O que eles faziam? Assinavam um convênio.  Mas que convênio era esse? É que o Ministro, repentinamente, descentralizava a Reforma Agrária, e o INCRA delegava poderes à Secretaria da Agricultura que, não só na sua fase operacional, quanto ao material, quanto às técnicas, também oferecia equipes de trabalho. Eram 32 técnicos da Secretaria da Agricultura que passariam a fazer as famosas vistorias. Agora V. Exas. entendem  as vistorias, o grande temor dos produtores, dos fazendeiros, dos estancieiros que defendem a sua propriedade. Quem não defende? Então esses técnicos da Secretaria da Agricultura pertenciam agora, faziam as vistorias agora, como se decidissem pelo INCRA. Convenhamos., é a mesma coisa que fazer uma partida de futebol entre a Argentina e o Brasil e mandar o Maradona apitar! Imaginem o Maradona apitando uma partida de futebol entre o Brasil e a Argentina, quem ganharia? Essas vistorias obedecem a um índice de produtividade que, até agora, não foi bem definido, anda por aí, ninguém sabe qual é o índice. Dizem uns que são dois bovinos em quatro hectares; outros dizem que são oito, mas ninguém sabe qual é. E querem fazer vistorias em fazendas com um índice de produtividade que ninguém sabe qual é! Está sendo decidido na UNICAMP! Mas como? Nós temos técnicos agrícolas aqui, professores da faculdade! Eu tenho ouvido o Professor Lobato, não o conheço, mas é uma autoridade pelo que tenho escutado nos programas, porque tenho procurado me enfronhar em toda essa dinâmica porque não conheço a agricultura. Se eu falo é porque sou obrigado a falar, sou um homem público! Isso que está sendo decidido lá na UNICAMP - a UNICAMP vai enviar um índice para o Rio Grande do Sul que deve ser adotado pelos técnicos da Secretaria da Fazenda, junto com os técnicos do INCRA e vão eles fazer as vistorias - convenhamos, é um perigo! Sabem quantas espécies de terra nós temos no Rio Grande? Eu andei me inteirando, setenta e cinco espécies de terra! Não sou eu que falo, é o Professor Lobato. Nós temos setenta e cinco espécies de terra! Quer dizer, uma fazenda pode ter três, quatro ou cinco espécies de terra. Numa a terra é fértil, é exuberante; na outra a terra é pobre. Como é que nós podemos fazer vistoria diante de uma heterogeneidade dessas? E tudo a toque de caixa. O que fizeram os fazendeiros? Recuaram. Tinham a única arma na mão: a EXPOINTER! Agarraram essa arma como se fossem estrategistas militares. Se não se definirem os índices, se não me disserem quais são os índices, nós não faremos EXPOINTER. Fizeram muito bem! Qual é o jogo? Desobediência civil, diz o Líder do PT. Ora, não vou responder, para não desviar a minha atenção.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Pois não, Vereador. Já estava tardando o pedido de V. Exa. Eu o estava esperando há muito tempo.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: Obrigado, Ver. Pedro Américo Leal. O procedimento de vistoria nas propriedades rurais é previsto inclusive no Estatuto da Terra, do tempo da ditadura militar, que V. Exa. participou. Os índices existem, são claros; há um debate sobre eles. E mesmo os índices existentes, estabelecidos pelo INCRA, que é gerenciado pelo Governo Federal, que o Partido de V. Exa. também apóia, são muito baixos. Mesmo assim, toda essa área da Zona Sul e Zona Oeste do nosso Estado está abaixo desses índices. E se compararmos com a Argentina, é uma loucura! O fato é que essa relação é direta. Onde existe latifúndio, existe pouca produtividade. No nosso Estado, nas regiões de média propriedade, a produção é muito maior, com solo semelhante. Portanto, nós não podemos defender o atraso, Vereador Pedro Américo Leal. A tecnologia avançou muito; pode-se produzir muito mais nessa terra. Agora, os fundamentalistas da FARSUL não querem, porque a terra é um bem da humanidade, como o ar e a água. Muito obrigado.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ver. Guilherme Barbosa, eu lhe concedi o aparte, porque eu queria ouvir a sua opinião. V. Exa. sabe muito bem que os campos de Ponche Verde, os campos que se aproximam da Argentina e do Uruguai são ricos. Ali, V. Exa. pode admitir o índice que V. Exa. não pode repetir - um homem do campo está aqui me olhando - em Osório, por exemplo, onde o Vereador Elói Guimarães tem a sua estância. Pois bem, como ele pode comparar os índices? E V. Exa. sabe quem é o chefe do grupo de 32 técnicos, o homem que está à frente do famoso e poderoso Departamento de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária, o DRA? Frei Sérgio Görgen. o capitão, o general das invasões. E aí, Vossa Excelência vai saber por que ele estava em Hulha Negra, em Capivara, amontoado, à noite, com aqueles trinta homens que atacaram, repentinamente, a fazenda como se fossem “ninjas”, de preto, num golpe de mão militar, de homens aperfeiçoados e treinados até que chegasse o Destacamento, propriamente dito. E a Igreja Católica, é uma falange que está completamente identificada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gosto de dizer que conheço cada palmo do chão desta Cidade, que há uma intimidade entre suas pedras e os meus passos, uma quase cumplicidade que aproxima aqueles que muito se amam. E eu amo esta Cidade; pretendo conhecê-la cada vez mais. E uma das formas para conhecê-la é conhecer os seus números.

Recebi, com muita satisfação e já agradeci por memorando - mas faço-o, agora, publicamente - ao Sr. André Passos Cordeiro, coordenador do GAPLAN, um documento, que eu recomendaria que todos os Vereadores lessem e que a população também tivesse o conhecimento do mesmo, que é o “Anuário Estatístico de Porto Alegre”, que já vem sendo editado há muitos anos, não começou agora. Esse, em especial, está muito bem feito, com dados precisos: salário mínimo, dólar, inflação e outras informações interessantes. Recebi ontem, já li muitas coisas boas e até para dar oportunidade de confirmar aquilo que eu disse nesta tribuna, por exemplo, quando eu falava que eu não entendia as cartas-contrato para contratar mais médicos.

Eu vi, aqui, no Anuário Estatístico que, em 1996, havia ainda cinqüenta e seis vagas para médicos e centenas de cartas-contrato.

Em 1997, essas vagas decresceram, eram apenas quarenta e seis, mas havia centenas de cartas-contrato para médicos.

Em 1998, havia apenas vinte e seis vagas, mas continuavam as centenas de cartas-contrato. Por que não preencher isso? Isso eu não sei, o Anuário, evidentemente, não informa.

Eu, por exemplo, vejo no Anuário Estatístico que Porto Alegre têm cerca de duzentos e sessenta mil economias ligadas no esgoto cloacal e cento e cinqüenta mil no esgoto pluvial que, no ano passado, arrecadaram quinze milhões de reais, que deveriam ser aplicados nas estações de tratamento, mas ainda não foram aplicados.

Então, realmente, são fontes recentes expressivas para o DMAE e para a Cidade. Mas são dados que eu gostaria que os Vereadores examinassem e se conscientizassem da querida Cidade que nós temos e que amamos, sem dúvida nenhuma.

Eu também sou muito atento às informações que o Sr. Prefeito assina. Eu nunca faço uma declaração nesta tribuna sem o amparo de um documento. Não é o meu estilo, meu feitio, se eu amo a Cidade, eu a quero melhor.

Então, no início do ano, eu reclamava quando o Secretário da Fazenda declarava que arrecadou mais IPTU do que o ano passado, 100% em janeiro.

No meu entendimento, isso daria cinqüenta e dois milhões de reais, entre IPTU e taxa de lixo.

Claro, que eu acompanho mensalmente, sexta-feira deve sair o balancete relativo ao mês de julho, faço a soma, mas não chego nunca aos valores dos cinqüenta e dois milhões de reais que deveriam ter ocorrido em janeiro e início de fevereiro. Por que é que eu estou falando isso?

É que eu fiz um Pedido de Informações e o Prefeito me respondeu uma coisa que eu não havia pedido, mas me serve perfeitamente. Um dia, fiz aqui uma declaração que os valores lançados para o IPTU não correspondiam à realidade. Fiz uma pergunta. O Secretário da Fazenda da época, Dr. Arno Augustin, disse que o Ver. João Dib havia sido desmentido. Eu disse a ele que pergunta não se desmente, pergunta se responde. E não me responderam!

Mas agora, o Prefeito, sem querer, me deu a resposta. Eu lia o documento que os agentes fiscais da Prefeitura iniciavam dizendo: “Este documento deve ser lido pelo Prefeito e pelos Vereadores.” Eu fiz a minha parte: eu o li. O lançamento de IPTU não correspondia, segundo li naquele documento, aos números que baseavam o orçamento. Neste ano, nós temos um valor do orçamento de sessenta e nove milhões e novecentos e cinqüenta mil reais. O Sr. Prefeito de Porto Alegre - aqui está a sua assinatura; ele assinou antes de viajar; é um grande viajante - me informa, com todas as letras, que os valores totais dos lançamentos do IPTU e da taxa de coleta de lixo referentes às Relações 0,1,2,3 são - e aí vem a soma - de cento e vinte e três milhões de reais para o IPTU, em números redondos. De setenta para cento e vinte e três são cinqüenta e três milhões de reais. Onde estão os cinqüenta e três milhões de reais? A pergunta que eu fazia no início do ano era semelhante; a do ano passado era diferente, e, por uma questão de sensibilidade, eu não vou fazê-la. A taxa de lixo dá uma diferença no IPTU de 63%. A taxa de lixo, no orçamento, é de vinte e oito milhões e novecentos mil reais. O Prefeito me informa que, na verdade, são trinta e seis milhões de reais. Aí vai uma pergunta: “Por que aumentar o IPTU, o que o Prefeito pretende, quando ele teve o superávit, no ano passado, de vinte e cinco milhões de reais? Mas ele não havia mostrado esses números aqui. O orçamento é de setenta milhões, e ele me informa que são cento e vinte e três milhões de reais de IPTU. Por que ele quer aumentar o IPTU, e onde é que está esse dinheiro? Não inventei esses dados; o Prefeito assinou depois que os seus eminentes servidores fizeram esse maravilhoso Anuário Estatístico. Eu volto a recomendar a todos que o leiam com atenção, e aquelas entidades que têm interesse nos problemas da Prefeitura também tomem conhecimento dele, porque ele é realmente importante. Aqui estão os dados de 89 para cá. Por meio desse Anuário nós podemos ver como aumentou o número de servidores na Prefeitura e também na Câmara Municipal. Haveria necessidade? É outra pergunta que fica. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Está com a palavra o Ver. Paulo Brum, para uma Comunicação de Líder, pelo PTB.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras. Aproveito para fazer um registro desta tribuna porque nesta semana está havendo, por parte das pessoas portadoras de deficiência, uma grande mobilização nacional. Comemoramos a Semana Nacional do Excepcional. Para nós, gaúchos, estamos comemorando a Quinta Semana Estadual da Pessoa Portadora de Deficiência e a Segunda Semana Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência. Gostaríamos de fazer o registro de que na sexta-feira passada, por ocasião do ato de abertura no Salão Negrinho do Pastoreio, pelo Sr. Governador do Estado, foram assinados dois decretos que gostaríamos de deixar registrados para os Anais da Casa. No primeiro decreto, o Sr. Governador do Estado institui uma política estadual para as pessoas portadoras de deficiências e altas habilidades que deverá ser executado em caráter permanente e de forma integrada pela Administração Estadual. No segundo, fica obrigatória em todas as obras realizadas pelo Poder Público Estadual, a criação, ampliação, reforma ou remodelação de espaços públicos urbanos e rurais para permitir o acesso e a circulação livre e segura de todas as pessoas portadoras de deficiência, em especial, as que têm difícil locomoção.

Ontem, à noite, participamos como representante das entidades de pessoas portadoras de deficiência física, do Seminário de Direitos Humanos e Portadores de Deficiência, coordenado pela FADERS, onde tratamos das conquistas, da luta, enfim, da busca do nosso pleno reconhecimento como cidadãos brasileiros.

Gostaríamos de destacar que muitos avanços, muitas conquistas nesta longa luta de reconhecimento como cidadãos já foram implementadas, como a Lei Municipal, aprovada por unanimidade pelos Vereadores desta Casa, em junho passado, que trata da eliminação de barreiras arquitetônicas e da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência no Município de Porto Alegre. O Sr. Prefeito, se não me falha a memória, amanhã estará baixando decreto lei, instituindo comissão permanente de acessibilidade, que vai tratar da eliminação de barreiras e da acessibilidade das pessoas com deficiência.

Existe também uma Lei Federal que já tramita no Senado Federal, já aprovada pela Câmara Nacional, que trata de critérios básicos para promoção e acessibilidade.

O Sr. Presidente da República, através de um decreto lei, criou o Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, vinculado ao Ministério da Justiça.

Com todas essas conquistas, queremos deixar aqui o manifesto da APAE, feito hoje pela manhã, quando estivemos presentes. Foi feito um grande manifesto coordenado pela Federação das APAEs no Estado do Rio Grande do Sul. Esse manifesto está sendo veiculado a todas as Capitais, a todos os Municípios do nosso País. Sr. Presidente, deixo registrado o manifesto da APAE de Porto Alegre - “As APAEs existem no Brasil há 50 anos, é o maior movimento assistencial do mundo. Em nível de Brasil são duzentas e cinqüenta mil crianças atendidas, sessenta mil professores e técnicos e quarenta mil voluntários. Entre famílias, crianças, professores, técnicos, voluntariado, diretoria, é mais de um milhão de pessoas envolvidas. No Brasil existem mil e seiscentas APAEs, sendo duzentas e vinte no Estado do Rio Grande do Sul, muitas delas passando por sérias dificuldades por motivos diversos - a situação econômica do País, além da clientela altamente carente sem condições de manter a instituição. A Entidade espera do Governo Federal o repasse de recursos a todas as APAEs do Rio Grande do Sul, além do repasse por parte do MEC de recursos correspondentes aos projetos feitos pela inspeção no ano de 97 e 98, e a agilidade em relação aos recursos referentes aos projetos feitos em 99. Também em nível estadual foi entregue hoje pela manhã ao Sr. Governador do Estado uma solicitação de compra de vagas para as APAEs que possuem escolas no Estado e um número maior, proporcionalmente, conforme o número de deficientes assistidos em cada APAE. É importante também que o Estado ceda professores para todas as entidades que tenham escolas e mantenha os recursos destinados através do Projeto Mãos Dadas.” O nosso Município fez hoje, por parte da Presidência da APAE, uma grave denúncia, reforçando que o Município de Porto Alegre não fornece nenhum tipo de auxílio à APAE Porto Alegre. No ano passado, Sr. Presidente, quando foi aprovada uma emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, que destinaria à APAE Porto Alegre cem mil reais, foi vetada pelo Sr. Prefeito. Mas num acordo entre as Lideranças, aceitamos o veto do Sr. Prefeito com a incumbência de que a Prefeitura Municipal iria coordenar, junto à Direção da APAE, algum mecanismo que possibilitasse um atendimento. Hoje de manhã foi reforçada essa denúncia de que até agora a APAE ainda não recebeu nada de Porto Alegre. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia solicita licença para tratamento de assuntos particulares no dia de hoje. Em votação. Os Srs. vereadores que aprovam o pedido de licença permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. Elói Guimarães comunica ao Plenário que a partir de amanhã, por recomendação médica, estará se afastando da Câmara Municipal. Como é uma licença de saúde, não há a necessidade de votação. Amanhã será dada posse ao Ver. Artur Zanella, primeiro Suplente.

O Ver. Décio Schauren está com a palavra em Tempo Especial para fazer o relatório da visita a cooperativas no Uruguai e na Argentina.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós acompanhamos no início do mês de agosto, durante uma semana, a turma do Curso de Especialização em Cooperativismo da UNISINOS, em visita a cooperativas do Uruguai e da Argentina. Nessa turma nós tivemos representadas vinte cooperativas de todo o Brasil. Podemos dizer que essa visita foi um verdadeiro curso de cooperativismo.

Nós entendemos que com a globalização da economia o cooperativismo adquire uma importância cada vez maior. Mesmo na CUTHAB, na Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, da qual eu faço parte, nós temos recebido muitos casos de loteamentos ou de vilas de ocupação onde os moradores estão com despejo decretado. Uma das saídas que temos encontrado é os moradores organizarem-se em forma de cooperativa e conseguirem, dessa forma, adquirir a área.

Nós entendemos que a Câmara deve contribuir e assessorar o cooperativismo aqui na nossa Cidade. Há pouco tempo nós propusemos um Projeto de Lei, criando a Frente de Apoio às Cooperativas em nosso Município.

E a visita ao Uruguai e à Argentina teve por objetivo buscarmos informações de como funcionam lá as cooperativas e avaliar um pouco o potencial que tem o cooperativismo no MERCOSUL, no nosso país, no Uruguai e na Argentina.

Eu penso que conseguimos ter um excelente resultado com aquela visita. Primeiro fomos ao Uruguai.

É interessante dizer que quanto ao setor produtivo, o Uruguai é agropecuário que tem se esforçado para ser um produtor de serviços no MERCOSUL, assim como Bruxelas o é para o Mercado Comum Europeu. Com a desvalorização do real, eles que vendem muitos produtos primários para nós, por exemplo, a CONAPROLE, a Cooperativa de Produtores de Leite, vende 40% para o Brasil e tiveram um problema sério quando o Brasil começou a ter dificuldades em cumprir o compromisso, porque o real está desvalorizado e eles, por sua vez, têm dificuldades, com preços mais baixos, para cobrir os custos de produção.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria que V. Exa. fizesse um obséquio: fosse diretamente ao assunto. Qual a situação desses países que compõem o MERCOSUL, diante da globalização e do neoliberalismo? Se V. Exa. fizer isso, eu estou satisfeito. Adiantou alguma coisa? Estamos empobrecidos? Estamos na miséria? Eles também estão? V. Exa. vá direto ao assunto.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Muito obrigado, Ver. Pedro Américo Leal, vou procurar fazer isso, mas depois quero entrar mais em detalhes sobre a cooperativa de habitação, um assunto que nos interessa muito. Com a globalização, tanto o Uruguai como a Argentina estão enfrentando problemas seríssimos, inclusive com a desnacionalização dos bancos e das grandes empresas. Isso faz com que cada vez mais as cooperativas, que são importantes para esses dois países, tanto as cooperativas primárias, dos setores de produção, como as cooperativas de segundo grau que, por exemplo, no setor primário, vendem os produtos, começaram a ter dificuldades de enfrentar com competitividade as multinacionais. Grande parte da economia do Uruguai e da Argentina esta baseada nisso, e as cooperativas são obrigadas a se juntarem para competir, inclusive para obter recursos do governo, porque o Governo da Argentina, por exemplo, obrigou os bancos de crédito cooperativo a ter um patrimônio tão alto quanto as multinacionais e as entidades de crédito cooperativo da Argentina foram obrigadas a se juntar em um único banco cooperativo para obter esse crédito. Eles estão, cada vez mais, tendo dificuldades nesse sentido. As cooperativas de serviços, de trabalhos, que são importantes para esses dois países, estão enfrentando uma agressividade muito grande por parte das multinacionais. No campo, praticamente, todos os produtores de leite quebraram, os pequenos produtores de grãos também igualmente estão quebrados, com poucas exceções, aqueles que estão em cooperativas, conseguem se sustentar. Inclusive o Pampa Humeda que é uma das terras mais férteis do mundo e que é, mais ou menos, do tamanho do Rio Grande, Santa Catarina e Paraná, está sendo comprado por especuladores estrangeiros. O nosso conhecido George Sorus adquiriu, recentemente, meio milhão de hectares das terras mais férteis da Argentina, os pequenos produtores lamentam que as terras, que foram cultivadas pelos seus bisavós, pelos seus avós, pelos seus pais, que construíram uma estrutura, hoje estão tendo que abandonar as terras, porque não têm mais condições de plantar. Com a dolarização da economia deles, o dólar vale um peso e está sendo mantido artificialmente. O Banco Central da Argentina já vendeu todo o estoque de ouro que vem do século passado. Na Argentina, em Buenos Aires, vemos que houve um momento de muita riqueza, havendo prédios com mármores, com cúpulas que hoje contrastam com a tristeza do povo, onde há 22% de desemprego oficial e mais 15% de pessoas que não conseguem ter as suas necessidades básicas atendidas. Esse é resultado de uma política desastrada do Governo Menen. Em todas as cooperativas que visitamos, deram-nos a informação de que elas querem derrotar a política do Presidente Menen, nas próximas eleições.

Ocorre uma questão interessante nas cooperativas de crédito no Uruguai e na Argentina. Eles têm uma história, porque os imigrantes estrangeiros, no fim do século passado, início deste século, criaram as cooperativas de crédito, tanto para o setor primário, como para outros setores de produção. Essas cooperativas foram extremamente castigadas com a desnacionalização do sistema financeiro. Eu vi relatórios muito interessantes com relação a essa questão. Eu não tenho condições de relatar tudo que vimos, mas todos os Vereadores receberam um relatório que procurei fazer o mais circunstanciado possível.

Eu quero entrar especificamente na questão das cooperativas habitacionais, e vou abordar o caso da Federacion Unificadora de Vivienda por Ajuda Mutua do Uruguai, onde ocorre um sistema muito interessante e muito diferente do nosso. Nós visitamos vários condomínios habitacionais de diversas cooperativas. Nós visitamos uma cooperativa onde estava havendo um mutirão de trabalho. É muito interessante o sistema de mutirão, porque barateia o custo, e nós podemos constatar a excelência das construções, porque no Uruguai o clima é muito úmido e frio. Casas de alvenaria com paredes duplas e o teto é feito com isopor contra o frio e umidade, mas mais do que isso, deu para ver que, para eles, a casa é muito mais do que uma casa. Existe toda uma relação humana e psicológica com a casa. A relação de amor e carinho com a casa, assim como o convívio com os vizinhos, e o espírito comunitário decorrem de toda a luta que começa desde a compra do terreno, a elaboração do projeto da casa, a compra do material e a construção através da ajuda mútua. As decisões são tomadas numa assembléia dos sócios, e são assumidas por todos. Ninguém constrói a sua casa individualmente, todos constroem em conjunto. A casa, para eles, não é um fim, é um meio de moradia, de educação, de saúde e de vida familiar e comunitária. Temos muito o que aprender com as cooperativas do Uruguai. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Anunciamos a presença do Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria, Ver. Fernando Piluski e também do Ver. Osvaldo Severo. Sintam-se bem, nobres Vereadores. Nossa saudação àquela querida terra de Santa Maria.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, ontem à noite, na paróquia Divino Mestre, tivemos uma reunião, juntamente com o Sr. José Luiz, Gerente do Planejamento da EPTC, tratando das novas alterações da rota Norte/Sul, mais especificamente das ruas Monsenhor Veras e Veador Porto com a inauguração, no fim de semana, da ponte da Veador Porto, que faz com que os usuários, com seus automóveis, possam passar diretamente para a Lucas de Oliveira. Só que essas alterações trouxeram alguns problemas para a população do entorno. O ônibus Jardim Botânico, que fazia o seu trajeto pela São Luís, entrava na Luís de Camões, São Manoel e Euclides da Cunha, em direção à La Plata, teve a sua rota alterada, descendo a Veador Porto, pegando a Ipiranga. Na volta, pega a Ipiranga e Vicente da Fontoura. O que ocorreu? Esta alteração fez com que, aproximadamente, dois mil e quinhentos a três mil usuários deixassem de ter o ônibus próximo de suas residências. Inclusive, ontem, nessa reunião, a Diretora do Colégio Apelles Porto Alegre participou e colocou as dificuldades do ônibus em frente a sua Escola, virando, praticamente, numa pista de corrida, bem como as localizações das paradas muito distantes, dificultando principalmente os alunos do curso noturno.

O Vice-Diretor do Colégio Santo Antônio também esteve presente, inclusive nos passou uma relação de alunos, quase cem aluno e eles estão, ainda, verificando a totalidade dos alunos, que também eram usuários do transporte Jardim Botânico que também não podem, a partir destas alterações, fazer uso do ônibus.

A reunião de ontem tirou alguns pleitos, entre eles, como ponto fundamental, o de que a linha Jardim Botânico retomasse de novo o seu rumo normal, ou seja, São Luís, Luís de Camões, São Manoel e Euclides da Cunha, fazendo o mesmo itinerário na volta. O que nós estamos propondo, com este retorno, é que a EPTC, através do seu Presidente Mauri Cruz, tenha o bom senso e ouça a comunidade. As comunidades que lá estiveram, com exceção da Monsenhor Veras e Veador Porto, informaram que não foram consultadas sobre estas alterações viárias. Nós queremos fazer este questionamento: entendemos que as obras são necessárias, que o transporte de Porto Alegre tem as suas dificuldades, sabemos que são mais de seiscentos e cinqüenta mil veículos, mas nós também sabemos, entendemos e acreditamos que o transporte coletivo tem que estar acima do transporte individual. E é por isso que nós, mais uma vez, ocupamos esta tribuna e solicitamos, o quanto antes, que o Executivo pense, analise e volte o ônibus Jardim Botânico, porque este é o anseio daquela comunidade.

Portanto, ainda hoje, estaremos entregando em mãos para o Presidente da EPTC as reivindicações que a comunidade teve a oportunidade de fazer na reunião de ontem na Igreja Divino Mestre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a edição da Gazeta Mercantil do Rio Grande do Sul de hoje, na sua página 3, traz uma denúncia que me deixou extremamente preocupado. Diz a manchete: “PT distribui a sua agenda em escola pública.” A reportagem cita denúncia de pais de alunos da Escola Estadual de 1º e 2º graus Almirante Bacelar em cujas salas a professora de língua portuguesa Alcione Brasil admite ter distribuído mais de duzentas agendas do Partido dos Trabalhadores, em sala de aula, aos seus alunos.

Feita a denúncia, procurada a Diretora da Escola, segundo a matéria, chamada a professora à sala da Diretora, que diz não ter ciência da situação, confirma a distribuição das agendas em sala de aula, com o seguinte argumento: “As eleições já terminaram, não existe mais disputa política. Não vejo problema em dar aos alunos esse material de excelente qualidade, se não fizesse isso, tudo seria incinerado.”

Ora, ora, ora, que boa pessoa essa professora! Ela não sabe que, independente de campanhas políticas, existe uma coisa que se chama disputa ideológica, ela certamente não sabe que existe uma legislação explícita a respeito de distribuição de material. Imaginem se eu, como Presidente do PSDB do Estado do Rio Grande do Sul e Vereador desta Cidade, em nome do PSDB, na minha sala de aula, usasse o espaço para fazer propaganda do meu Partido? O que diriam os alunos? E a minha sala está cheia, com muita honra, de alunos vinculados ao PC do B, ao PSB, alguns companheiros com quem tenho excelentes relações, ao PPS e ao PT, que desfilam com seus broches, que gostam de colar coisas nas paredes e nos quadros-negros das salas de aula, inclusive desrespeitando o espaço que é de todos - o quadro-negro - para fazer a sua propaganda. Já nem falo nos banheiros, etc., etc.

O mais curioso é que a agenda do PT distribuída pela professora, segundo a matéria, tem, nas últimas páginas, nada mais nada menos do que a campanha de filiação ao PT. Em sala de aula, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. E é feita essa distribuição, conforme essa denúncia, na sala de aula de uma escola pública do Estado, e essa denúncia, na verdade, não é a primeira, porque, mesmo durante a campanha eleitoral do ano passado, recebi duas ou três denúncias diferenciadas de que professores em sala de aula faziam a campanha, no seu horário de trabalho, para o Partido dos Trabalhadores. E quando trabalhávamos, discutíamos e telefonávamos à Diretora, às vezes em escolas municipais, a Diretora dizia: “Ah, não recebi nenhum aviso.” A esposa de um candidato a Vereador pelo PSDB, no ano passado, chegou a gravar as aulas de um professor de história, no 2º Grau. Vejam vocês que até a culpa do descobrimento do Brasil tinha sido responsabilidade do Presidente Fernando Henrique Cardoso e do PSDB! Era culpa do neoliberalismo! São algumas coisas assim tão simplórias, de manipulação da opinião de jovens, que realmente precisam ser discutidas e denunciadas. Mas, se eu trago o assunto a esta Casa, Sr. Presidente - alguns poderão dizer: “Mas é numa escola estadual!” -, a pergunta que quero trazer é: será que não acontece, também, nas escolas municipais de Porto Alegre? Parece-me que pela primeira vez, claramente, temos documentada uma coisa que muitas, muitas, muitas vezes tem sido levantada e tem sido negada por companheiros do PT. A democracia petista não respeita efetivamente a democracia dos outros. Ela não respeita as regras básicas, ela avança, permanentemente, em todos os espaços, inclusive aqueles que, por lei, não podem sofrer essa ocupação. E aí cabe, sim, o poema lembrado no outro dia pela Vereadora Sônia Santos e que, apesar da negativa do Ver. Guilherme Barbosa - permita-me dizer, Vereador -, é de um poeta brasileiro. (Aparte inaudível.) Não, não é plágio. Maia Kovski nunca escreveu nada parecido. É uma homenagem a Maia Kovski, que é um poeta que esteve exilado. Quero lembrar que, se nós falamos do fascismo da direita, foi também um homem de esquerda chamado Max Horkheimer, Professor da Universidade de Heidelberg, que, em 1968, quando os estudantes da esquerda repetiram o gesto de Hitler e queimaram livros nos pátios da Universidade, denunciou o fascismo de esquerda. Ele começa assim, com esses avanços, depois fica mais radical. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na tarde de hoje ainda temos a expectativa, Ver. Elói Guimarães, de votarmos um Requerimento de autoria dos Vereadores da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, mais especificamente de três Vereadores majoritários dentro da Comissão; foi uma deliberação da Comissão Permanente desta Casa, subscrita pelo Ver. Hélio Corbellini, Presidente daquela Comissão, Vereadora Tereza Franco e por este Vereador, trata-se de uma Moção de Solidariedade aos trabalhadores que foram punidos pela Direção da Empresa Porto-alegrense de Transportes e Circulação desta Cidade. Nós só gostaríamos de ressaltar, aqui, a importância do trabalho daqueles companheiros sindicalizados, que lutaram, no mínimo, pela independência e pelo direito de expressar o seu sentimento e pensamento. Vejam as denúncias formuladas por aqueles trabalhadores, as preocupações manifestas em defesa do conjunto da cidadania e da Cidade, a iniciativa do Ver. Fernando Záchia de levar o assunto a uma Comissão Permanente desta Casa, ao trabalho sério e responsável do Ver. Hélio Corbellini. Vejam, V. Exas., ganhou a Cidade, ganhou a cidadania, e os números que informarei aqui são reveladores disso. Em 31 de maio, houve a denúncia  em relação aos fatos que envolviam a ação da EPTC e o famoso caso dos azuizinhos. Naquele mês, o relatório da EPTC informava a existência, Ver. Pedro Américo Leal, de 31 mil autos de infração na Cidade de Porto Alegre, levados a efeito pela Guarda Municipal de Trânsito, os azuizinhos. Atribuo os surpreendentes números de recuo à denúncia, à ação forte e vigorosa desta Casa em defesa da comunidade, quando instalou uma inspeção e uma sindicância através da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Houve 31 mil autos de infração no mês de maio, a denúncia ocorreu a partir do 31 de maio, e, em junho, o número de infrações registradas pelos azuizinhos foi de 17 mil, Ver. Elói Guimarães, e, no mês de julho, o relatório informa 11 mil. Vejam, V. Exas. que o exercício da cidadania, o trabalho  responsável e a própria repercussão na mídia acabou trazendo como conseqüência, avaliem os Srs. Vereadores, o fato concreto da redução das multas. Parece-nos que as ações, as preocupações formuladas pelos funcionários da EPTC foram responsáveis, sérias e ecoaram na Casa do Povo, na Casa da Cidadania, na representação política da Cidade de Porto Alegre, e redundaram num fato concreto, na nossa avaliação, na nossa interpretação, que é a redução substancial das multas, que, de 31 mil em maio, passaram para 17 mil em junho, e, no mês de julho, para 11 mil. Começam-se a sentir os efeitos de um trabalho sério e responsável. Digo, para finalizar, que, nem por isso, a ação da Guarda Municipal se tornou menor. Ao contrário, com esta interação Guarda Municipal de Trânsito/sociedade só tem a ganhar o conjunto da população e da comunidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa, para uma Comunicação de Líder, pelo PT.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Vários assuntos eu gostaria de tocar rapidamente neste tempo. O primeiro deles é que, por sugestão do Ver. Pedro Américo Leal, hoje tive a satisfação de receber, junto com os Vereadores Juarez Pinheiro e Carlos Alberto Garcia, a Medalha e Diploma “Amigo do Exército”. É um momento diferente, recebi essa distinção com satisfação. O Exército, neste momento, dá um exemplo da sua atuação constitucional, algumas obras sociais que aplica e, portanto, nada nos afasta neste momento. Portanto, foi com satisfação que recebi essa Medalha e esse Diploma. Quero também comentar, aqui, a questão da EXPOINTER e da FARSUL. Para mim é muito claro, a FARSUL conseguiu brigar, ao mesmo tempo, com o Governo Federal do Fernando Henrique Cardoso e com o nosso Governo Estadual de Olívio Dutra. São fundamentalistas de extrema direita que não querem usar a terra para produzir alimento. Essa é a verdade nua e crua! Eles não querem a vistoria da terra porque não produzem. A terra é sagrada! Terra é para produzir ou para morar. A terra deve cumprir a sua tarefa constitucional, deve produzir alimento e não criar grilo nem servir para plantar capim; deve produzir alimento e é isso que eles não querem. O Ministro da Reforma Agrária, assim como o Sr. Governador, resolveu suspender a vistoria para que a EXPOINTER acontecesse. Pois bem, não aceitaram. Essa extrema direita cega não quer que a terra seja usada para produzir alimento. E, vejam só, a região mais atrasada do Estado é exatamente a região de latifúndio. E esta história é conhecida no mundo inteiro: no latifúndio é que nós temos o atraso. Não existe latifúndio em nenhum país do mundo, só aqui. Mesmo aqui no nosso Estado, as propriedades pequenas e médias são aquelas que mais produzem alimentos. Latifúndio é sempre sinônimo de atraso. Nós queremos é produzir alimento e eles não querem vistoria porque sabem que vão ficar desmascarados, vão mostrar que não produzem nada em seus latifúndios.

Quero também saudar o meu Governo Estadual. Ontem, a Assembléia Legislativa de forma altaneira, de forma positiva, aprovou Projeto do Governo do Estado de repasse de recurso para os hospitais do nosso Estado, mas os hospitais terão que atender ao SUS. Os hospitais terão de prestar contas do dinheiro público. Esta é a maneira que nós queremos trabalhar: cada vez mais repassar dinheiro para a Saúde, coisa que nunca aconteceu! Além do investimento do caixa do Estado, que cresce paulatinamente, chegaremos até o final do ano com dez por cento do Orçamento - já tínhamos repassado trinta e um milhões para prefeituras, uma relação entre o Conselho Estadual da Saúde e os Conselho Municipais -, é assim que se trabalha.

Este nosso Governo cada vez me orgulha mais, marca de que forma se trabalha com o dinheiro público, Ver. Pedro Américo Leal. Quero também dizer da minha grande satisfação, mais um prêmio, são dezenas que a Cidade inteira deve-se alegrar. Mais um prêmio que a nossa Prefeitura recebeu. A Prefeitura de Porto Alegre, a partir de uma série de projetos - são mais de duas dezenas - de atendimento à criança desprotegida, foi distinguida, com mais quatro cidades no Brasil inteiro, pelo seu trabalho de atendimento à criança desassistida. Enquanto o Governo Federal, obedecendo, de joelhos, ao FMI, retira dinheiro das políticas sociais no País, a nossa Prefeitura aumenta os recursos, estrutura projetos, de tal maneira que obtém mais um prêmio. Vale dizer para a Cidade inteira de Porto Alegre. Eu penso, inclusive, que a oposição nesta Casa deve também se sentir contente. Talvez um que outro não, mas a maioria, e Vereadores como Pedro Américo Leal e Antonio Hohlfeldt, devem se sentir contentes com isso.

Os jornais de hoje trazem uma questão interessante. O “Deputado-Vereador” Berfran Rosado é um dos que tentam desmoralizar o processo do Orçamento Participativo dizendo que as obras não são realizadas. Hoje, o Diretor-Presidente da CORSAN mostra que aquele ex-presidente, “Deputado-Vereador” Berfran Rosado, não cumpria muitas das obras que relacionava para fazer. E o que fez, fez muito malfeito, como as fotos publicadas nos jornais de hoje demonstram. O tempo vai passando e vai mostrar como é que cada um trabalha, quem, de fato, tem compromisso com a população no respectivo nível de governo. Isso vai ficar claro: quem, de fato, tem compromisso com a democratização, com a transparência da máquina pública.

Encerro dizendo ao Vereador Antonio Hohlfeldt que a atitude dessa professora, se, de fato, é isso, não tem nada a ver com a decisão do Partido, foi iniciativa dela. O nosso Partido, inclusive, não dá nada para ninguém. Isso é conhecido. As pessoas têm de comprar, portanto essa não é a atitude do Partido. Nós não concordamos com isso. Se ela quiser distribuir fora da sala de aula, tudo bem. Mesmo assim, nós não damos nada. O nosso material é comprado pelas pessoas. Portanto, essa atitude é de única e exclusiva responsabilidade da professora. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o assunto que me traz à tribuna, objeto da metralhadora giratória do Ver. Guilherme Barbosa, é de extrema atualidade, sobre o qual, esta Casa tem que, evidentemente, tomar uma posição.

Eu fico muito à vontade, Sr. Presidente, para sequer, inclusive, acolher algum tipo de provocação.

Todo mundo sabe que sou eminentemente urbano, não tenho vínculos com a produção rural, não tenho propriedades rurais. Aliás, com grande esforço consegui ter uma ou duas propriedades na Cidade: a primeira, pelo meu trabalho; a segunda, por uma desgraça na minha vida que, há pouco, estou acolhendo como herança dos meus pais; eu gostaria de nunca receber esse imóvel.

Diz-me o Ver. Isaac Ainhorn, num aparte que recolho por inteligente, que não é crime se ter propriedade rural.

Eu vejo que, no presente momento, há uma inversão de valores. Os proprietários rurais que produzem neste Estado são colocados, humilhantemente, na condição de plantadores de capim.

Como se cuidar dos nossos pastos e campos, para alimentar nossos rebanhos, não fosse uma tarefa de grande relevância do apanágio dos gaúchos, por longo e longo tempo.

Hoje, Ver. Isaac Ainhorn, o Rio Grande do Sul vive, estarrecido, um fato: está definitivamente comprometida uma das maiores e mais tradicionais manifestações da produção agropecuária no Rio Grande do Sul, que é a nossa Exposição-feira Internacional de Esteio.

Evidentemente, Sr. Presidente, a Feira Internacional de Esteio não começou a terminar com o ato dos criadores que, em resposta a uma série de provocações, resolveram nela não comparecer. Ela se interrompe, Ver. Pedro Américo Leal, em momentos anteriores: ela se interrompe quando as propriedades produtivas são invadidas pelo Movimento dos Sem-Terra, com a plena concordância e até com o estímulo do partido do governo que está estabelecido neste Estado; ela começa quando o MST assume a Secretaria da Agricultura do Estado, coloca a sua bandeira e termina com a possibilidade de isenção e de mediação que esse órgão deveria ter em qualquer conflito dessa ordem; ela começa quando as ordens judiciais não são cumpridas; ela começa quando as lideranças do Movimento Ruralista do Estado procuram o Governador do Estado, ele não as recebe, repetindo a experiência da Ford, e as coloca à mercê do Secretário da Agricultura, que é o representante oficial do MST do Governo; ela começa muito antes. Eu bem sei quão doloroso foi para as lideranças rurais do Estado terem tomado a medida que tomaram, mas quero dizer, com toda a tranqüilidade, que eu, que já tinha respeito pelos produtores rurais do Estado do Rio Grande do Sul, redobro o meu respeito nesta hora, na medida em que eles tiveram a coragem de se posicionar de maneira a ficar claro que eles estão na defesa da integridade dos seus patrimônios, até mesmo da integridade física dos seus familiares, submetidos a processos esbulhatórios que ocorrem a todo o instante, a toda a hora, repito, com a complacência do Governo do Estado.

Então, não se diga que os nossos produtores rurais são “plantadores de capins”, que apostam no atraso, porque nós sabemos que, em que pese o oficialismo, muitas vezes, comprometer esse esforço, a produção agropecuária do Rio Grande, ao longo do tempo, tem-se afirmado como uma das mais competentes, mais promissoras e mais produtivas de todo este País.

Não poupam os senhores ruralistas na demonstração do seu desagrado inclusive autoridades do Governo da União, Ministros de Estado, que estão absolutamente errados nesse episódio. Como integrante do Partido da Frente Liberal, que apoia o Presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem responsabilidade com sua formação, coloco-me ao lado dos ruralistas a condenar este espúrio convênio feito pelo INCRA e o MST para acobertar e estimular e chancelar o esbulho possessório que ocorre neste Estado, amplamente protegido pelas autoridades do Governo do Estado.

Por isso, Sr. Presidente, quero dizer com a autoridade de quem não tem um milímetro de terra plantada e não tem um boi sequer colocado no pasto, com a autoridade de quem é urbano por excelência, Vereador desta Cidade, que fico solidário com os ruralistas do Rio Grande do Sul que, mais uma vez, honraram as tradições deste Estado, tomando uma posição altiva, dura, dolorosa, com certeza, mas à altura do Rio Grande, à altura dos homens de bem deste Estado, obstado de produzir, molestado na sua propriedade, mas altivo, altaneiro, sobranceiro na defesa dos seus direitos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a minha Bancada já declarou o seu amor à Cidade de Porto Alegre no dia de hoje e vamos reiterar, dizendo que também ficamos satisfeitos com o prêmio que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre foi receber em Brasília.

Mas é claro que o nosso extremado amor à Cidade de Porto Alegre não nos faz concordar que o Prefeito e o Vice-Prefeito tenham abandonado a Cidade para algumas coisas que não trarão frutos para Porto Alegre. Não concordamos de forma alguma. Essa homenagem que Porto Alegre recebeu com justiça, poderia ter sido recebida lá em Brasília pelo Secretário de Educação, pelo Secretário da Saúde, pelo Secretário da Cultura. Tenho as minhas dúvidas de que o Vice-Prefeito, que foi eleito para substituir o Sr. Prefeito no seu impedimento, não tenha levado junto com S. Exa. alguns desses Secretários que citei, e que poderiam, com toda a tranqüilidade, receber em nome da Cidade esse prêmio da Fundação ABRINQ - As crianças  devem brincar.

Mas não só as crianças devem brincar, os adultos também têm o direito e até o dever de brincar. Por isso, temos absoluta convicção de que a unanimidade desta Casa dará integral apoio ao Projeto do Ver. Juarez Pinheiro que será votado, oficializando, em Porto Alegre, o Torneio Aberto de Golf no Município de Porto Alegre. E o Dr. Freming, aqui está presente, aguardando, vai levar com satisfação, já programando essa festa para os porto-alegrenses, crianças, sem dúvida alguma, que devemos permanecer sempre. Dos 8 aos 80 anos todos devemos ser crianças, todos devemos aprender alguma coisa todos os dias. Homenagem, portanto, ao Dr. Freming aqui presente, a sua Diretoria, na ânsia de verem resolvido esse projeto do Ver. Juarez Pinheiro. Havíamos proposto urgência para uma matéria de criação de cargos - professores em especial -, e a Prefeitura sabia que aprovaríamos o seu projeto. E foi aprovado por unanimidade. Claro que não foi aprovada aquela emenda que propúnhamos que fossem fiscalizadas as cartas-contrato, que deveriam merecer o apoio desta Casa. No dia 13 de agosto o Prefeito estava fazendo carta-contrato com professores concursados. O mesmo Prefeito que não aceitou que a Câmara na Lei nº 7770/76, que ele usa ilegalmente, no artigo por ela colocado que diz: “fica o Poder Legislativo autorizado a contratar um assessor técnico por bancada e um por comissão permanente na área de planejamento urbano, durante o período de discussão da reavaliação do Plano Diretor da Cidade de Porto Alegre”.

O Prefeito não queria que isso ocorresse; vetou. O Parágrafo único dizia: “mediante prévia autorização do Plenário tal previsão poderá ser estendida a outros trabalhos de grande complexidade, desenvolvidos na Câmara Municipal.” O Prefeito vetou! Ao Poder Legislativo nada; ao Executivo tudo! Vetou, o Veto foi derrubado, mas ele não teve dúvidas e ingressou na Justiça, como também ingressou na Justiça contra a sua própria Lei, tirando o dinheiro dos Servidores Municipais, que já havia sido conquistado. Onze por cento no dia 30 de abril de 1995; eram dos Municipários! Isso não há quem discuta, porque a Lei no País só retroage para beneficiar. A Liminar só poderia retroagir para beneficiar; o Prefeito retroagiu a Liminar do dia 23 de maio, tomou o dinheiro dos Municipários e ao invés de 11% deu 3,2%, tomando praticamente 8%, e quando perdeu a Liminar ele não devolveu o dinheiro que havia tomado.

A Lei foi feita para ser cumprida por alguns, não pelo Partido dos Trabalhadores na Prefeitura. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, já tendo conversado com o Ver. Isaac Ainhorn, que havia feito um requerimento a V. Exa. e que foi aprovado pelo Plenário, no que tange à ordem de votação das proposições, com a vênia de S. Exa., Ver. Isaac Ainhorn e das Lideranças das Bancadas, eu solicitaria que logo após o Veto fosse apreciado o PLL nº 068/99, que será um procedimento extremamente rápido, inclusive sem discussão, para que os representantes e Direção do Belém Novo Golfe Clube possam voltar às suas atividades normais. Há a concordância do Ver. Isaac Ainhorn, que foi o autor do Requerimento, e dos demais Líderes também.

 

O SR. PRESIDENTE: A Moção do Ver. Isaac Ainhorn fica em segundo lugar?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Votaríamos primeiro o Veto, que é urgente.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Juarez Pinheiro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0594/99 - VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 007/99, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que incumbe à Entidade Representativa dos Taxistas de Porto Alegre a responsabilidade pela confecção e distribuição de materiais obrigatórios aos taxistas da Capital. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela manutenção do Veto Total;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela manutenção do Veto Total;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antônio Losada: pela manutenção do Veto Total;

- da CEDECONDH. Relator Ver. Hélio Corbellini: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- discutiram a matéria os Vereadores A.Sell, E.Guimarães, J.Dib, L.Braz, G.Gregol e A.Losada;

- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto. 

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o  PLL nº 007/99, Proc. nº  594/99, com Veto Total. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para discutir.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queremos manifestar a nossa estranheza pelo Veto que o Sr. Prefeito Municipal, apôs ao Projeto que defere ao Sindicato da Categoria Profissional dos Taxistas, a responsabilidade pela confecção dos materiais como diz o Projeto de Lei do Ver. Antônio Hohlfeldt, que envolve recibos, tabelas, adesivos e folhetos. Não conseguimos entender, porque a questão de qual é o sindicato da categoria é uma questão judicial. No momento em que se busca, através de um projeto, uma interação entre a representação da sociedade civil e a expressão do estado em nível municipal, o Senhor Prefeito Municipal veta. Penso que há muita confusão nessa área das relações das administrações petistas com a cidadania, estão confusos. Agora vetam um projeto que cria uma interação entre cidadania, entre o Sindicato de uma categoria profissional e o Município numa integração.

Há pouco, assistimos aqui as dificuldades do Ver. Guilherme Barbosa atacando a FARSUL. Vejam, V. Exas., a Entidade representativa de um setor fundamental na vida nacional, na economia primária do Rio Grande do Sul, tristemente tem que optar pelo boicote à EXPOINTER pela incompreensão e insensibilidade. Por que isso? Por acaso, eu me atreveria dizer, que em determinadas circunstâncias, pelas condições que a política do Governo Federal, o Governo do Sr. Fernando Henrique, levou a economia primária do Rio Grande do Sul a uma verdadeira insolvência que obriga, hoje, a presença dos agricultores em Brasília buscando alternativas para o pagamento das suas dívidas. Lá, o Líder do PT José Genuíno se abraça com o Sr. Ronaldo Caiado, e, aqui ficam chamando, num jargão velho, ultrapassado, de pecuaristas, de homens ligados à lavoura, que têm uma história, de latifúndio improdutivo. Eu diria que a situação é tão difícil, Ver. Guilherme Barbosa, e é importante V. Exa. compreender isso. O Governo Fernando Henrique levou a tal ponto a economia primária do Rio Grande do Sul que - talvez, em determinados momentos, até os índices da FARSUL, não do INCRA, do governo tecnocrata do Sr. Fernando Henrique, - e tem gente de esquerda que, muitas vezes, se presta para atender aos interesses da tecnocracia de direita -, pois, vejam, na visão macroeconômica, levou este País a tal ponto, sobretudo a economia primária que bancou o Plano Real durante cinco anos, e que, se colocados em prática, os próprios índices da FARSUL, veremos que há muitos produtores rurais que não atendem sequer aos índices da FARSUL, porque este Governo levou à insolvência, à quebradeira e a uma situação caótica a economia rural. O que estamos vendo é uma incoerência das autoridades governamentais com relação a essa aliança estranha, em nível estadual e federal,  contra uma representação de uma categoria de produtores rurais. Isso mostra uma incoerência. Nós vemos aqui a relação com o Veto. Nós temos que dar força a um Projeto que defere a uma categoria profissional o direito de examinar e de elaborar as planilhas e os seus recibos. É isso que dispõem as tabelas de reajuste. É isso que dispõe um Projeto simples que teria de ter a aprovação normal desta Casa, e teve, mas depois vem o Sr. Prefeito e veta. Esperamos que este Veto seja derrubado na tarde de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com relação a este Veto aposto pelo Sr. Prefeito Municipal ao Projeto de Lei nº 007/99, que pretende que a entidade representativa dos taxistas de Porto Alegre seja responsável pela confecção e distribuição de materiais obrigatórios aos taxistas da Capital, não há dúvida alguma, no meu entendimento, cabe ao Senhor Prefeito colocá-lo neste Projeto, por uma razão muito simples: por força da Lei Orgânica do Município, art. 94, inciso 4, cabe ao Prefeito, que é o gerente da Administração Municipal, traçar os rumos, traçar os caminhos relativos ao funcionamento da Administração Municipal. Em sendo assim, não há dúvida de que o Prefeito não tinha opção, tinha que vetar o Projeto. A ilegalidade, a inorganicidade viciou sobremodo a proposta. A proposta até pode conter, em seus termos, um Projeto, uma finalidade de valor, de importância, entretanto, o aspecto formal, o aspecto legal não podem ser esquivados por quem tem que zelar pela legalidade e organicidade de um projeto de lei, de uma redação final. Por isso, eu não direi que se louve bem o Prefeito, porque ele apenas cumpriu com o dever dele. Quem cumpre com o dever, pela nossa formação, como servidor público, não merece louvor, não merece louvação. Ele apenas cumpriu com a obrigação dele. Não fez mais nada do que, sob o ponto de vista moral, legal e administrativo, a ele cabia providenciar. Mas há um outro aspecto de natureza material que me parece também criar um impasse, uma dificuldade, um problema que não temos condições de resolver. Nós só temos condições de alimentar a dificuldade, de alimentar o problema. A contenda que me parece haver em torno da representação da classe. Não vejo razão para o Executivo Municipal e nem para o Legislativo colocarem ainda mais dificuldades nessa contenda que é da classe, daquele universo específico. Aqueles que têm interesse dentro dessa atividade profissional devem decidir, por que via eu não sei, mas pelo Executivo ou pela Câmara Municipal, eu sei que não é.

O Ver. Antonio Hohlfeldt, que é um Vereador que dignifica sobremodo esta Casa, ao não dizer claramente, no texto da proposta, a quem competia a atribuição, apenas colocando “entidade”, deixou vago. Por isso é que eu digo: a proposta cria ainda mais dificuldades nesse universo.

Portanto, no meu entendimento, nós devemos acolher o Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir o PLL nº 007/99, com Veto Total.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vemos de tudo nesta Casa! O Ver. Isaac Ainhorn falou o tempo todo na política agrária do Presidente Fernando Henrique e no final, numa frase magistral, concluiu que isso tinha ligação com o problema dos taxistas.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Não vê quem não quer!

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Exatamente: não vê quem não quer! A política agrária do Presidente Fernando Henrique tem tudo a ver. Quando os historiadores forem pesquisar nos Anais desta Câmara encontrarão, certamente, esta relação e farão altas pesquisas, quem sabe, em homenagem ao Ver. Isaac Ainhorn, para descobrir qual é a relação.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o veto do Sr. Prefeito, basicamente o defendo por duas razões: a primeira é uma questão legal que não está, como disse um Vereador na discussão da Sessão passada, que chegou aqui e deu como favas contadas com a argumentação do Prefeito de que esse projeto tinha problemas de vício, porque invadia a competência do Prefeito; e isso, na visão do Ver. Luiz Braz, que veio a esta tribuna, era um absurdo. Como se a interpretação jurídica de uma matéria polêmica como essa  fosse uma questão matemática. E vejam que a própria Procuradoria da Casa foi extremamente cautelosa, e até sui generis, porque teceu uma série de comentários e na hora de dar o Parecer final diz mais ou menos o seguinte: “Pela tramitação”, dizendo que o projeto poderia tramitar. E é sui generis, porque fere o art. nº 52 do Regimento, que diz que o Parecer deve ser pela aprovação ou pela rejeição. Isso de dizer que pode tramitar é uma artimanha habilidosa, talvez até inteligente, para não entrar no fulcro da questão. Por quê? Porque, no mínimo, não é tranqüilo. Então, os Vereadores não podem chegar aqui, com aqueles ares de douta sabedoria, no microfone, e dizer que é um absurdo que a assessoria jurídica do Prefeito não conhece a lei, porque chegou aqui e disse que invade, como se fosse uma matéria tranqüila. A própria douta Procuradoria da Casa resolveu passar ao largo do problema e não opinar, dizendo que o projeto pode tramitar, fugindo ao Regimento que diz que os Pareceres têm que ser pela rejeição ou pela aprovação, e nunca pela tramitação, isso não existe, isso é uma artimanha. Mas a Procuradoria tem a seu favor a cautela, coisa que alguns Vereadores mais estouvados desta Casa não conseguem ter, na ânsia de fazer críticas ao Prefeito. Há uma outra questão que quero deixar clara. A Câmara de Vereadores não é local para dirimir questões judiciais, não é a Câmara de Vereadores que tem que se posicionar no momento em que há dois sindicatos, eu não vou nem entrar no mérito. Há dois sindicatos reivindicando a legitimidade. O assunto está na Justiça, mas ainda não está conclusivo, porque cabe recurso. Mesmo que fosse uma sentença definitiva, ainda há toda uma disputa política legítima da categoria. Portanto, a Câmara de Vereadores não deve se posicionar a favor desse ou daquele sindicato, essa é uma outra questão que coloco. Por isso que o Veto é a única alternativa, além do que,  se a preocupação dos trabalhadores é ter acesso ao material distribuído gratuitamente, isso está garantido através de um compromisso do Prefeito, inclusive essa garantia está explicita na própria Exposição de Motivos. Portanto, não temos uma decisão judicial, não temos uma política e, se os trabalhadores queriam a distribuição gratuita do material,  isso está garantido, nós só podemos votar pelo Veto, para que a categoria resolva os seus problemas judicialmente ou politicamente. A Câmara de Vereadores não é local para dirimir questões de ordem jurídica ou questões de ordem interna de uma categoria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o PLL nº 007/99, com Veto Total. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADO, por 15 votos SIM, 12 NÃO e 01 ABSTENÇÃO, considerando-se mantido o Veto a ele aposto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1733/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 068/99, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que inclui o “Torneio Aberto de Golfe Município de Porto Alegre” no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. José Valdir: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Em discussão o PLL nº 068/99. Não havendo quem queira discutir, em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Proc. nº 2669/99, Requerimento nº 185/99, de 18-10-99, Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, Moção de Solidariedade aos funcionários da EPTC que foram suspensos por denunciarem as pressões sofridas para aumentarem o número de multas e guinchamentos.

A Justificativa desta Moção de Solidariedade foi decidida pela maioria dos membros da CEDECONDH, com relatório aprovado. Votaram os Vereadores Hélio Corbellini, Tereza Franco e Isaac Ainhorn.

Em votação. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este Requerimento foi firmado pela maioria dos integrantes da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos e tem o seguinte teor:

“Os Vereadores que subscrevem requerem a V. Exa. que, após os trâmites regimentais, seja encaminhada à Empresa Pública de Transportes e Circulação, aos funcionários da EPTC, Sr. Mário Jobim, Sr. André Santana Leivas e Sra. Denise Cristina da Silva, Moção de Solidariedade a esses três funcionários da EPTC que foram suspensos por denunciarem à Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos da Câmara Municipal, pressões sofridas pelo Coordenador do PCA - Centro, para aumentarem o número de multas e guinchamentos.”

Essa proposta, como referi, foi firmada pelo Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, da Bancada do PSB, pela ilustre e eminente Vera. Tereza Franco, da Bancada do PTB, e por este Vereador. Nós entendemos que, por meio desta Moção, nós encaminhamos uma formulação de solidariedade, que, a nosso juízo, se impõe em função de um ato de natureza persecutória praticado pela direção da Empresa Pública de Porto Alegre - a EPTC -, pelo fato de funcionários terem levado ao conhecimento da opinião pública e de uma comissão permanente desta Casa, fatos que ensejaram aumento das multas e guinchamentos no Centro da Cidade. Por essa razão, nós entendemos que, neste momento, a esta Casa se impõe a solidariedade. O relatório final do Ver. Hélio Corbellini foi muito claro no sentido de, examinando as provas colhidas no processo que tramitou na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, afirmar que a punição praticada sobre esses funcionários foi injusta. Não mereciam, esses funcionários, a punição de suspensão e de afastamento para investigação de falta grave. Que falta grave cometeu esse funcionário, se ele apenas cumpriu o seu sagrado direito de liderança sindical, de trabalhador, trazendo esses fatos ao conhecimento da opinião pública e desta Casa? Não praticou nenhum ato delituoso, não praticou nenhum ato contra a Empresa. Infelizmente, neste momento, tramita, na Justiça do Trabalho, um inquérito para demissão, por justa causa, desse funcionário.

Nós sentimos que a ação patriótica, de cidadania, praticada por esses homens, que tiveram a coragem de vir aqui e enfrentar a máquina e a estrutura governamentais, de vir aqui para denunciar aquilo que, eles pensavam, se impunha à sua consciência.

Por sua denúncia, um resultado prático já acabou de ocorrer: após a denúncia, houve uma substancial redução de multas na Cidade de Porto Alegre. A denúncia, vejam V. Exas., ocorreu no dia 31 de maio. O número de multas no mês de maio foi superior a trinta mil. Já no mês de junho, após as denúncias, as multas baixaram para dezessete mil. Hoje, as multas praticadas pelos azuizinhos, no mês de julho, baixaram para 11 mil multas, o que revela uma mudança de critérios, de sistemática, o que contribuiu, até, para uma melhoria de relações entre o Governo Municipal, através da sua Empresa Pública, que fiscaliza o trânsito na Cidade de Porto Alegre e a comunidade. Acho que acabará engrandecendo, também, no futuro, a própria Direção da EPTC que terá a sensibilidade, a partir do apoio a esta Moção de Solidariedade aos funcionários, de rever com grandeza, com dignidade, as suspensões praticadas.

Portanto, esse é o encaminhamento que fazemos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz para encaminhar, pelo PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, qualquer Administração que quisesse, realmente, trabalhar na linha do moralismo deveria premiar esses funcionários que tiveram a coragem de denunciar que estavam sofrendo pressões para que multas fossem cobradas, mais que o necessário, para que multassem, a fim de levarem receita para esta Empresa, a EPTC. Mas, por incrível que possa parecer, aconteceu o contrário, esses funcionários, ao invés de serem premiados pelo trabalho e pela coragem que mostraram, pela sua capacidade de colaborar com a Administração Pública, esses funcionários por serem zelosos com o patrimônio público, com o bem público, acabaram sendo punidos. É verdade, esta Administração parece não querer, de forma alguma, que algum funcionário tenha a coragem de se voltar contra alguma irregularidade em qualquer de suas linhas. Vou corrigir, desta tribuna, apenas um dado colocado pelo Ver. Isaac Ainhorn. O Ver. Isaac Ainhorn disse que no mês de maio foram cobradas trinta mil multas. Não. No mês de abril tivemos vinte e oito mil multas. Só que durante o mês de maio, o assunto começou a ser discutido no seio dos azuizinhos e, principalmente, pelo Sr. Jobim, que não poderiam mais aceitar a pressão feita pelos líderes da EPTC e pelos dirigentes da Administração Popular, para que eles continuassem aumentando o número de multas. Por isso mesmo, por eles discutirem durante todo o mês de maio e resistirem a pressão para não se corromperem, as multas no mês de maio baixaram para dezessete mil. Onze mil multas a menos de abril para maio. Significa que a população de Porto Alegre deve estar agradecida a essas pessoas que a defendeu. Deve a população de Porto Alegre estar agradecida a todos esses homens que tiveram a coragem, a moral de se rebelar contra aquelas pessoas da Administração Popular que queriam forçá-los a fazer coisas indevidas. Mas o Sr. Prefeito Municipal resolve tudo exatamente assim, pois ele está com uma ação criminal contra este Vereador, porque eu disse que as suas viagens não trazem nenhum benefício a Porto Alegre. Ele resolve as coisas nessa base ou acha que resolve. Por isso que ele está infelicitando esta Cidade há tanto tempo. É por isso que ninguém mais nesta Cidade agüenta o Dr. Raul Pont. É por isso que as pessoas já querem que até as eleições do ano que vem sejam antecipadas para retirar este cancro da Prefeitura Municipal, porque não podemos agüentar, a população não pode resistir vendo fiscais sendo forçados a aplicar multas. E é tão descarado o que aconteceu, que houve onze mil multas a menos de um mês para o outro, bastando para isso a resistência desses fiscais. Bastou que esses fiscais apresentassem resistência e fizessem a denúncia para que onze mil multas de diferença viessem a favorecer a população.

O que eles levam? Ganham um processo para serem retirados do funcionalismo público; para serem extirpados. Quer dizer que aquelas pessoas que querem trabalhar de forma honesta têm de ser afastadas? Quem tem de continuar são aqueles que colaboram com as irregularidades que acontecem na Administração! Esses continuam! Esses eles querem que continuem ao lado da Administração chamada Popular.

É por isso que essa Moção tem de ser aprovada; uma Moção de Solidariedade a esses heróis, a esses valentes que, mesmo colocando em risco o seu próprio emprego, o seu trabalho, resolveram fazer com que um pouco de decência pudesse ser instaurada na Administração Popular. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero saber do orador que acabou de ocupar a tribuna se ele mantém a palavra “falcatrua”, que ele acabou de usar?

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Ver. Guilherme Barbosa, V. Exa. fez a intervenção e eu vou deixar essa resposta para o Vereador, vou consultá-lo.

Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol, para encaminhar o Requerimento nº 185/99, pelo PFL.

 

 O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Hélio Corbellini, Presidente da CEDECONDH, juntamente com a Vera. Tereza Franco, do PTB, e o Ver. Isaac Ainhorn, Líder do PDT, propõem uma Moção de Solidariedade aos funcionários da EPTC, que foram suspensos por denunciarem à Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, da Câmara Municipal, pressões sofridas pelo coordenador do PCA-Centro para aumentarem o número de multas e guinchamentos.

Objetivamente, Sr. presidente, eu raramente vi, nesta Casa, uma Moção de Solidariedade tão bem aplicada como esta.

Com muita freqüência nós ficamos aqui dando Moções de Solidariedade porque um juiz sentenciou dessa ou daquela maneira; outras vezes damos Moções de Solidariedade porque estamos jubilosos com alguma coisa que aconteceu na Cidade de Porto Alegre, e ficamos solidários com pessoas que não têm sequer necessidade de que fiquemos solidários com elas.

Este é o caso adequado para a utilização desse instrumento regimental.

Lamentavelmente, Sr. Presidente, nós não podemos ir além da solidariedade. Penso que esta Casa deveria cogitar, de uma forma legal, de obter a anulação da suspensão de que foram vítimas : Mário Jobim, André Santana Leivas e Denise Cristina da Silva, por fazerem algo que nesta Cidade é proclamado aos quatro ventos como sendo um hino à cidadania, isto é, exercer o direito de cidadão e procurar o Legislativo da Cidade, para informar que estavam sendo coagidos a procederem contra a cidadania. Porque transformar ações fiscalizadoras, que deveriam ser educadoras, da EPTC, em uma indústria de multas, de guinchamento, de atos que avançam contra o cidadão de Porto Alegre, é uma atitude contrária à cidadania. Esses funcionários da EPTC, com os quais eu não tenho relacionamento pessoal, fizeram muito bem em denunciar, perante quem deveriam, e quem deve ser o ouvidor dessas denúncias é este Órgão Legislativo, que é a caixa de ressonância dos reclames populares da Cidade de Porto Alegre. Fizeram bem em vir aqui denunciar esses acontecimentos. E essa pena que lhes foi imposta, no meu entendimento não resiste à menor análise do Poder Judiciário, porque é abusiva, ilegal, e penso até que é imoral, pois estimula servidores de uma empresa pública municipal a conviverem com desmandos como esse denunciado. Por isso, lamentando profundamente que eu só possa ser solidário com os servidores da EPTC, lamentando que a minha solidariedade fique colocada neste pronunciamento, neste discurso e no voto que eu, imediatamente, irei exercitar, eu quero, de forma peremptória, afirmar que, mais do que nunca, estou-me colocando, nesta Casa, acima de qualquer posição político-partidária. Estou seguindo um Requerimento que é colocado por integrantes do Partido Socialista, do Partido Democrático Trabalhista, do Partido Trabalhista Brasileiro, e que é um discurso a favor do verdadeiro petista, que fala, há 10 anos, em radicalizar na defesa da cidadania. Têm os senhores do PT agora uma oportunidade de provar, na prática, que o seu discurso é sincero. Um verdadeiro petista vai votar a favor desse Requerimento, porque ele não pode estar a favor desse atentado à cidadania do servidor público do Município de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à leitura de uma Subemenda apresentada à Mesa.

 

O SR. SECRETÁRIO (Adeli Sell): Apregoamos a Subemenda nº 01 à Emenda nº 02, ao Projeto de Resolução nº 040/99.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 185/99.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos debatendo sobre o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, na tentativa de mostrar à população de Porto Alegre que nos ouve através da televisão e dos meios de comunicação, a primeira levantada para olharmos o que há debaixo de um tapete onde rola uma quantidade imensa de certos tipos de detritos, entre eles, o da covardia. Uma empresa não pode colocar na rua o presidente de um sindicato, porque ele goza de estabilidade. A Consolidação das Leis do Trabalho não permite esse tipo de afastamento por uma razão que não seja a chamada “justa causa” estipulada na Lei como falta grave. Qual a acusação que pesa sobre Mario Jobim e seus colegas? Será que ocorreu pelo fato de denunciarem alguma coisa que, agora, pelo magnífico trabalho da Comissão presidida pelo Ver. Hélio Corbellini, foram comprovadas e mostradas à Cidade como verdadeiras? Essa é a conclusão do Relatório. Os integrantes da EPTC por uma ligação trabalhista, CLT, não têm força de polícia, eles tinham de ser estatutários. Observem a gravidade do problema jurídico, ético e moral que estamos vivendo. Por mais que não queiramos que uma nova empresa que tenha como escopo fundamental a busca da normalização do trânsito, vemos que as coisas começam a aparecer de uma forma muito evidente como mais uma trapalhada dos trapalhões da Administração Popular. Saibam que esse líder sindical, Mário Jardim, foi excluído sem amparo legal. É constrangedor o documento trazido pela EPTC e juntado no processo, não pelo seu conteúdo, mas pelos erros de português, pelo despreparo de um departamento jurídico. Esse tipo de exclusão é feita quando se denuncia alguma coisa verdadeira, que no Centro da Cidade foi comprovado e não se afastou a pessoa acusada, afastou-se o denunciante. Mais do que isso, ao invés de um benefício da Empresa que controla o trânsito da Cidade de Porto Alegre, temos a intranqüilidade de saber de outras inúmeras irregularidades trazidas à luz pela investigação feita pelo Ver. Hélio Corbellini e sua Comissão. E não é o Vereador de oposição; é o Vereador da situação, do PSB, que traz para esta Casa a conclusão de um relatório exaustivo feito durante muito tempo nesta Casa, apurando definitivamente as grosseiras alterações feitas nos critérios de multa e, especialmente, nos guinchos. E esse é um outro capítulo muito interessante, porque esses guinchos são terceirizados, e é obrigatório. Se eu tiver um seguro que garante que meu carro vai ser guinchado, sou obrigado a ter meu carro guinchado pelos terceirizados. E aí abre-se um outro capítulo que o Relatório vai trazer à luz com muita propriedade. Quero cumprimentar o Ver. Hélio Corbellini pela competência do seu trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Ver. Luiz Braz, em Questão de Ordem, solicitou a retirada da expressão “falcatrua” de seu pronunciamento, o que foi deferido de plano pelo Sr. Presidente.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 185/99.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, quero fazer, rapidamente, uma discussão sobre essa Moção de Solidariedade aos funcionários da EPTC que foram suspensos por denúncia às pressões sofridas para o aumento do número de multas e guinchamentos.

Eu não quero fazer deste debate um debate partidário, quero apenas recolocar que esta Casa tem tido a preocupação em acompanhar essa polêmica que se estabelece na sociedade, como conseqüência das ações que a EPTC tem tomado em relação ao nosso trânsito e, fundamentalmente, à ação dos azuizinhos.

Através de vários Vereadores, esse debate estabeleceu-se nesta Casa e, várias vezes, foram convidados a participar os representantes da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, tendo em vista uma série de inconformidades das pessoas com o procedimento dos azuizinhos e também com relação às multas que são aplicadas contra os porto-alegrenses e as pessoas que vêm do interior do Estado. Essa é uma polêmica pública. Há denúncias graves em relação a isso como, por exemplo, que o que rege esse comportamento não é uma questão do trânsito, mas uma questão financeira. Acho que a Câmara tem acompanhado e é essa a nossa responsabilidade pública enquanto Vereadores desta Casa. Dentro desse quadro, chega até esta Casa a denúncia de um presidente de uma entidade sindical que é demitido pela EPTC, com a justificativa de que ele se subordina a decisões da empresa. Quero lembrar que há uma polêmica na sociedade em relação a isso, e há uma grande inconformidade da sociedade em relação a isso. É justo, é legítimo que a Comissão de Direitos Humanos acompanhe esse processo, que se pronuncie e que faça com que todo o Plenário se pronuncie expressando a solidariedade desta Casa ao dirigente sindical. Se não votarmos favoravelmente a essa Moção de Solidariedade ao líder sindical que foi demitido de uma empresa pública, estaremos sendo completamente incoerentes porque seria contraditória a discussão que fizemos hoje em defesa da democracia e da liberdade. Muitos Vereadores que estão aqui nos forjamos na luta da sociedade civil e na luta sindical, desde os encontros da CONCLATE, desde os vários encontros que fizemos antes da Constituinte para tentar garantir alguns avanços para os trabalhadores, em nível legal. Liberdade sindical é uma expressão de enorme valor para os democratas. Creio que liberdade sindical, liberdade de expressão, livre organização devem ser mantidas como insígnias importantes da luta de todos os democratas. Não é possível que em discurso defendamos a organização dos trabalhadores, defendamos a liberdade dos seus dirigentes expressarem suas opiniões, defendamos a manifestação e a organização de todas as categorias e quando aqueles que exercitam esse discurso se colocam no Poder Público, usam o Poder Público no exercício de cercear a livre expressão dos representantes dos trabalhadores. Essa não é uma questão partidária, penso que essa discussão envolve uma questão de princípio e de conceito de democracia. Não podemos permitir que haja, por parte de qualquer partido, qualquer um, qualquer partido que esteja no Governo, que no exercício do seu mandato público, ele use desse poder público contra a organização dos trabalhadores. Na verdade, isso seria uma enorme falsidade de ação, enquanto a militância das tribunas defendem os sindicalistas seus representantes, o partido que está no poder faz uma prática contraditória. Acho incongruente apoiarmos esse tipo de procedimento.

Vou votar pela Moção de Solidariedade, contra a demissão dos líderes sindicais. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a prorrogação da Sessão por duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com voto contra do Ver. Carlos Alberto Garcia.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 185/99.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu sempre ouvi dizer que quem mal não faz, mal não pensa.

Eu não sei se a EPTC ou SMT pensam bem. Eu sempre digo que se deve ter coerência. Em 1983,  fui surpreendido como Prefeito  pela declaração de um arquiteto da Prefeitura que dizia que eu havia homologado uma concorrência dando como vencedora uma empresa que não havia participado da concorrência. Não era um “azulzinho”, era um arquiteto de longa tradição na Prefeitura e que fazia essa afirmativa sobre alguém que havia sido seu colega na sua própria Secretaria. Como eu não faço mal, eu também não pensei mal do meu colega arquiteto, mas chamei-o no meu gabinete e mostrei-lhe que ele não tinha conhecimento do que dizia, porque ele estava se referindo a uma outra coisa, completamente diferente. Eu aceitei as suas desculpas, não o puni, não o processei e poderia, por todas as razões do mundo, tê-lo punido, mas eu não pensava mal de ninguém, porque mal não faço.

No momento em que foi levantado o problema, que é sério, talvez fosse o momento da tranqüilidade - porque “quem mal não faz mal não pensa” - para buscar uma solução, fazer uma análise e não haveria tanta celeuma em torno do problema, porque as autoridades responsáveis, levantada uma dúvida, iriam buscar a solução. Quem sabe é verdade. Quem sabe alguma coisa está maldirecionada, e vamos voltar ao público dizendo a verdade na sua extensão. Se estivermos errados, vamos modificar, vamos corrigir. Porque “errar é humano; permanecer no erro é que não é muito humano, é muito burro”.

Então, não entendo algumas coisas do Partido dos Trabalhadores, que se diz dos trabalhadores, até porque o que aconteceu com este líder sindical não é um fato novo na Prefeitura. Líderes do SIMPA também experimentaram, apesar do estatuto ser claro e preciso. Interpretações ao modo e ao desejo da Prefeitura Municipal. Então, não consigo entender que alguém, porque fez uma declaração, antes que eu prove que ele fez uma declaração equivocada, antes que eu tenha qualquer razão maior, eu vou afastando. Pois, eu chamaria esta pessoa e diria: agora mostra e se houver erro vou admitir publicamente, e vou procurar acertar. Não sei se queriam acertar. Fico em dúvida.

V. Exas. já devem ter notado que quase nunca falo na SMT, na EPTC, porque não gosto. Sou oriundo da SMT. Por anos e anos fui Engenheiro da SMT. Gosto do SMT, mas, pelo amor de Deus: “quem mal não faz, mal não pensa”.

Apoio a moção de solidariedade do Ver. Isaac Ainhorn e continuo pensando que perderam uma oportunidade para acertar e fazer o melhor.

Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 185/99.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, gostaria de solicitar a alguns dos Vereadores que me antecederam que leiam o Relatório. É importante que leiam o Relatório porque às vezes, por má-compreensão, acaba-se tirando conclusões que não são as mais corretas. O Relatório foi aprovado por maioria, isso significa que há alguns aspectos que foram contestados e pelo menos uma das questões é importante que nos aprofundemos, aqui. Em relação a essa Moção, vimos a público - nós do Partido Socialista Brasileiro - dizer não é uma disputa política e, sim, demonstrar, ideologicamente, como olhamos essa questão. A EPTC é uma Empresa pública de direito privado. Ela já demitiu pessoas e certamente vai demitir outras pessoas. Uma empresa, na relação com CLT, tem o direito, pela nossa legislação, de demitir pessoas quando não atingem os índices, etc. ou por alguma outra razão. Acontece, o entendimento foi unânime, na Comissão, de que havia, sim, em determinado tempo, uma disputa política. Disputa por aparelho, disputa por visão, disputa por uma entidade e, se há uma disputa política, se é conhecida a disputa política, aí, nós temos que respeitar. Aí fica muito difícil, neste momento da disputa, por qualquer outra razão, alijarmos as pessoas que estão na disputa, porque, quem pode mais, faz. Por essa razão, em respeito à luta política, em defesa da legítima luta política que se trava nos sindicatos, nos movimentos e naqueles fóruns é que o PSB concorda com esta Moção, votou, na Comissão, a favor desta Moção, e, aqui, também, vai votar favoravelmente porque é a favor da luta sindical, é a favor do sindicalismo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, eu destaco parte da intervenção do Vereador Hélio Corbellini. Ficou evidente para nós, da Comissão, que acompanhamos o trabalho, que o que aconteceu na EPTC foi uma disputa política, um conflito de interesses entre setores que divergiram, que brigaram pelo poder. Segundo a Empresa, devido a essas disputas, houve faltas graves, cuja avaliação a Empresa encaminhou à Justiça do Trabalho para tomar as medidas necessárias. Essa é parte da história que nós, da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, acompanhamos. É bom que se esclareça isso para alguns Vereadores que vêm a esta tribuna, - e que não compareceram sequer a uma sessão onde os azuizinhos foram entrevistados -, colocar muitas coisas, que são, no mínimo, levianas. É fugir da verdade do que aconteceu. Então, vamos clarear isso. Há Vereador que vem à tribuna com um grau tão grande de ódio e de raiva, que não consegue trabalhar com o projeto ou o requerimento que tem na mão. De sua boca só saem faíscas, ódio e raiva. Não consegue trabalhar o conteúdo. E o conteúdo, Vereador João Dib, o relatório, o acompanhamento que nós fizemos na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, comprovaram, sim, que houve um conflito dos azuizinhos com a sua coordenação na Região Centro da Cidade e que esse conflito, segundo os azuizinhos, em nada representava pressão para multas; representava, sim, uma visão de gerenciamento de coordenação. É isso que está na fala dos azuizinhos. Para os Vereadores que acompanharam todo esse processo, isso está muito claro. É importante que se diga isso. Que não venham mentir nessa tribuna, dizendo que a Comissão comprovou que havia indústria de multas. Pelo contrário, a Comissão, ouvindo mais de doze azuizinhos, comprovou que havia um conflito na Região Centro da EPTC. Esta é a primeira questão.

A segunda: quero esclarecer a alguns Vereadores que, quem sabe, estão de passeio nesta Casa, que a legislação da EPTC que determina como deve ser a fiscalização de trânsito em Porto Alegre foi aprovada, debatida, emendada e construída neste plenário da Casa. Parece-me que alguns Vereadores se esquecem que foi nesta Casa que nós construímos a lei que trata, Ver. Pedro Américo Leal, dos azuizinhos, da EPTC e de todas as suas atribuições.

O que faziam quando discutíamos e aprovávamos essa lei? É uma pergunta que fica.

A outra questão importante é sobre um conjunto de recomendações do relatório, que foi apresentado pelos Vereadores que participam da Comissão. Foram recomendações encaminhadas à SMT e à EPTC, no sentido de agilizar serviços e onde reafirmamos para a Empresa o papel da gerência democrática, dos fóruns democráticos da empresa. É importante que se diga isso.

Mas também é importante que se registre aqui que desde a efetivação em Porto Alegre, Ver. Pedro Américo Leal, do Código Brasileiro de Trânsito, os números mudaram.

Nós temos uma diminuição do número de acidentes com vítimas fatais em Porto Alegre e de feridos; temos a redução de um conjunto de outras infrações que eram normais no trânsito. São dados que estão sendo publicados.

O trânsito em Porto Alegre, cada vez mais, se humaniza, diminuem os números que assustavam a todos nós, até a metade do ano passado.

É importante dizer que essa humanização do trânsito da Cidade é fruto de um trabalho de uma empresa que aposta, sim, que o trânsito municipalizado, que as regras da forma como estão colocadas, se forem bem gerenciadas e acompanhadas por todo o cidadão, trazem muitos benefícios. Essas regras, respeitadas e cumpridas, nos dão o bem maior, que é a vida. Todos nós sabemos os danos causados pelo desrespeito ao conjunto da legislação de trânsito.

Está aqui a prova: a EPTC em Porto Alegre, pelo trabalho que vem fazendo na área do controle da circulação, na área do transporte, vem reduzindo números que nos assustavam, que nos entristeciam. Portanto, esse é o debate importante para fazer aqui, dizendo para o cidadão desta Cidade que, cada vez mais, nós temos que humanizar o trânsito e não fazer o debate, aqui, do desrespeito à lei, o debate que incentiva o que era a guerra do trânsito, com um número de vítimas fatais que, cada vez mais, crescia. Portanto, nós pensamos que essa Moção está fora do tempo. Se os Vereadores querem fazer um debate sobre o relatório, vamos fazê-lo, Ver. Luiz Braz, mas não pode ser um debate leviano, que desconsidere aspectos importantes do acompanhamento feito pela Comissão. A Comissão comprovou, Ver. Juarez Pinheiro, que o que existia era um conflito, uma disputa pelo poder num setor da EPTC e que não existia na fala dos azuizinhos. Não existiu pressão para multar ou para guinchar; existiu disputa de poder. Os Vereadores que sabem disso - e o Ver. Luiz Braz é um Vereador que sabe disso - deveriam dizer isso aqui na tribuna, e não fazer o que fizeram. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Liderança do PT não pode dizer o que este Vereador tem de fazer ou tem de deixar de fazer. O Vereador usou termos na tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, por gentileza, isso não é uma Questão de Ordem.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu estou fazendo uma Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE: Baseado em que artigo, Vereador?

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Ver. Renato Guimarães usou termos na tribuna, Sr. Presidente, que não deveria ter usado, como o termo “leviano”. Mas, tudo bem! Eu permiti que tudo continuasse assim.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, eu quero dizer que V. Exa. tem colaborado, ultimamente, com o andamento dos trabalhos, inclusive com a Mesa, mas o que V. Exa. fez não foi uma Questão de Ordem; foi uma crítica política, e se V. Exa. vier a este microfone, não será uma Questão de Ordem.

Eu peço sua compreensão. V. Exa. foi Presidente desta Casa por duas vezes, com brilho, e sabe que não pode fazer esse tipo de intervenção. Eu agradeço a sua compreensão. Mas ficou o registro de V. Exa.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu é que agradeço.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, por solicitação do Ver. Antonio Hohlfeldt, o Requerimento nº 185/99, Proc. nº 2669/99, de autoria da CEDECONDH. (Após a chamada.) APROVADO por 17 votos SIM e 10 votos NÃO.

Declaração de Voto, firmado pelo Ver. Adeli Sell, que passamos a ler na íntegra:

(Lê.)

“Acompanho o voto da Bancada por decisão coletiva dos Vereadores da minha Bancada, que respeito. No entanto, como cabe à nossa visão democrática, exponho a minha diferença, porque advogo radicalmente o direito à autonomia e à liberdade sindical. Mesmo que um sindicalista erre, a ele cabe a possibilidade de revisar a sua posição. Se não o fizer, mesmo assim não cabe punição sem um processo de recorrência do erro. Repito: voto com a minha Bancada, mas minha posição contrária obriga-me a registrá-la. Adeli Sell.”

Vou suspender a Sessão e solicitar à Segurança que tome os procedimentos para que tenhamos condições de continuar a Sessão.  Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 18h54min)

 

O SR. PRESIDENTE (às 18h55min): Estão reabertos os trabalhos. Reabrimos a Sessão e solicitamos à assistência que permaneça em condições que não haja maiores problemas para que possamos realizar os nossos trabalhos. Estão novamente suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às l8h56min.)

 

O SR PRESIDENTE (às 18h57min): Estão reabertos os trabalhos.

Em votação o Requerimento nº 191/99, de autoria do Ver. Hélio Corbellini. (Lê.) O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fiz questão de encaminhar, contrariando a posição inicial, para registrar a minha discordância pela posição do Presidente dos Trabalhos.

Faço questão de gizar a minha discordância , porque uma coisa é pedir silêncio do nosso público, outra coisa, perdoe-me, Presidente, é botar a segurança contra os nossos visitantes.

Eu, pessoalmente, já fui agredido muitas vezes, verbalmente ou por gestos, por integrantes da própria Bancada do PT e da Assessoria que fazem gestos, inclusive, já reclamei publicamente. Nunca vi a Mesa acionar a segurança contra esses funcionários.

Quero registrar aqui a minha discordância, embora o respeito para com o Presidente da Casa.

Espero que não tenhamos de experimentar outra vez esse tipo de coisa, que nem mesmo em momentos mais complicados se usou, de votações muito delicadas, eu, inclusive como Presidente desta Casa, não usei

Lembro-me aqui da famosa noite de 28 de dezembro, Ver. João Dib, do IPTU, em que nós aqui tínhamos discordâncias, mas em nenhum momento a Presidência usou a segurança para coibir uma coisa ou outra.

Quanto ao Projeto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu encaminho favoravelmente, porque, embora não pretenda, nem a Bancada, apresentar nenhuma emenda, acho absolutamente condizente com todo o clima com que conseguimos conduzir o debate em torno do Plano Diretor, que tenhamos, sim, a oportunidade de ainda fazer um debate final, quando houver discordância de um ou outro ponto, em relação aos projetos.

Encaminho favoravelmente a votação.

Peço perdão, Sr. Presidente, mas realmente eu gostaria que a Casa continuasse sendo uma Casa democrática para com todos os segmentos, em todos os momentos e em todas as opiniões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: Peço vênia aos Srs. Vereadores para dar a seguinte informação, mesmo em processo de votação: houve manifestações das galerias, e houve a sensibilidade deste Presidente de sequer advertir as pessoas que acompanhavam a Sessão. Apenas quando, de forma desairosa, houve manifestações contra Vereadores foi que este Presidente tomou esse encaminhamento.

Quero dizer, Ver Antonio Hohlfeldt, mesmo recebendo sua crítica de forma fraterna, que em nenhum  momento eu tentei coibir as manifestações das pessoas que assistiam. Mas recebo a crítica, como tem que ser aqui o nosso processo democrático e de ingerência conjunta das nossas Sessões que sempre tem levado, ao fim e ao cabo, ao bom encaminhamento das nossas Sessões.

Em votação Requerimento do Ver. Hélio Corbellini. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

(Encerra-se a Sessão às 19h.)

 

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